quarta-feira, 26 de abril de 2023

Mil Faces de um RPGista - It Takes A Child To Raze A Village - Burt


Jogo: It Takes A Child To Raze A Village
Autoria: Matt Jones
Editora: Ursidice.
Experiência: Só li e quero mestrar um dia.
Livros usados: O único que existe, um folheto de duas páginas.

Esse vai ser rápido. Acho que vou gastar mais tempo falando do jogo do que montando o personagem. Rs
Fiquei sabendo desse jogo em um episódio do Caquitas Podcast. Aliás, super-recomendo para quem e fã de RPG. Logo encontrei o jogo de graça na Drivethru e li rapidinho, são apenas duas páginas. O jogo faz parte de uma iniciativa como Honey Heist de RPGs curtinhos que cabem em uma ou duas páginas e eu adorei a proposta.
Os jogadores são cultistas de um Lorde das Trevas tm qualquer (Belzebub, Tchutchullo, Bolsonaro, etc) em um vilarejo e finalmente conseguiram convocar o seu Dark Messiah, uma espécie de anticristo genérico também que irá realizar os três rituais que faltam para realizar a intenção maligna do seu culto. Os jogadores então devem conseguir os materiais para os tais rituais levantando o mínimo de suspeitas possível dos outros habitantes do lugar.
O problema é que o Dark Messiah é um moleque birrento, chato para cacete e cheio de demandas que não tem nada a ver com os rituais e pode atrair altas suspeitas para o seu culto (e agora imaginei um bebê com a cabeça do Carluxo falando como nos tweets cifrados dele e não sei se seria capaz de mestrar isso, mas seria divertido a beça).
Então vamos montar um cultista.

Passo Um: Conceito. O mais óbvio seria fazer um cultista clássico. Um estudioso, alguém mergulhado em livros, ou com um bando de lombadas de livros coladas na parede para parecer intelectual… mas todo culto também precisa do seu idiota útil. Afinal quem vai ficar na frente dos quartéis cantando hino pra pneu e pedindo intervenção alienígena?
Meu personagem se chama Burt, ele é o lenhador e marceneiro da vila. Ele entrou nessa porque está ficando velho, a mulher largou dele e levou os filhos para outro vilarejo, depois disso os amigos se afastaram o que fez ele pegar um ranço de tudo e de todos e agora ele só quer ver o mundo todo queimar. Pra isso ele tá disposto a carregar coisas pesadas e construir um altar bonito para o Dark Messiah (se isso deixar ele quieto).

Passo Dois: Distribua seus Approaches. O jogo trabalha com quatro approaches: BRASH & BRAZEN, DECEITFUL & COERCIVE, SUBTLE & UNSEEN, CRUEL & UNUSUAL e eu preciso distribuir números de um a quatro em cada um deles. De cara, o quatro vai para o primeiro. Os outros são mais complicados. Acho que Burt é um baita mentiroso que sorri para todo mundo enquanto nutre um ódio de tudo e de todos, então o três vai para deceitful. Acho que ele não tem nada de sutil então esse fica com o um, o que deixa o cruel com o dois.
E é isso! Está pronto o personagem.

Passo… Três? O Ritual. Só para não fechar assim, vou sortear o nome e os ingredientes para o próximo ritual que o culto busca realizar, assim como a próxima demanda do pentelho do Dark Messiah.
Tirei 2 e 3. Nós estamos buscando A Consagração Cthônica! Para isso precisamos de um bocado de vidro (talvez da igreja local?), um boneco preenchido de ferro e uma tintura feita de carne (humana?).

E é isso! Burt vai partir para o trabalho porque o moleque não para de gritar e bater o pé e os vizinhos já estão reclamando dos tremores.
____________________________________________________

Burt

BRASH & BRAZEN 4
DECEITFUL & COERCIVE 3
SUBTLE & UNSEEN 1
CRUEL & UNUSUAL 2

Cult Suspicion 20


Next Ritual:
The Consecration Cthonic.

domingo, 23 de abril de 2023

Leituras 2023 - Semana 16


Leituras 2023 - Semana 16
19 Lidos
Lendo:
01 - Parselings Core Rulebook (RPG) - Leo Cheung - 36% [068]
02 - Legend of the Five Rings 4th Edition (RPG) - Shawn Carman, Robert Hobart, Jim Pinto & Brian Yoon - 26% [104]

Contos, Poesias & Artigo*
- Ecos do Golpe - Vários Autores - 11% (09)
- Mulheres vs Monstros - Vários Autores - 45% (08)
- Deus Ex Machina - Deuses e Monstros - Vários Autores - 54% (08)
- Paranoia XP - Crash Priority (RPG) - Vários Autores - 03% [02] (08)
- Olhares Sobre a Formiga: Comunidade, escola e universidade em um encontro de saberes - 05% (13)
*Sendo lidos de forma não-linear. Os mais em cima foram lidos mais recentemente. O número entre ()s indica quantos contos/poesias faltam para terminar.

Lidos:
01 - Border, e agora? Do Diagnóstico ao dia a dia - Letícia Lopes
02 - The Dare: Call of Cthulhu Adventure (RPG) - Kevin A. Ross
03 - It Takes A Child To Raze A Village (RPG) - Matt Jones
04 - Como Educar Crianças para a Paz - Laura Perls
05 - Dreadful: Three Ready to Play Scenarios for Dread (RPG) - Sam Gundaker
06 - Laser & Feelings (RPG) - John Harper
07 - L5R 1e - Code of Bushido (RPG) - Ree Soesbee, Rob Vaux, John Wick e Pat Kapera
08 - Renewal & Riot (RPG) - Joan Nobile
09 - Vampire: The Masquerade V5 (RPG) - Jason Carl (org.)
10 - Hentai Ouji to Warawanai Neko Vol. 01 (Mangá) - Sagara, Sou & Okomeken
11 - Hentai Ouji to Warawanai Neko Vol. 02 (Mangá) - Sagara, Sou & Okomeken
12 - Hentai Ouji to Warawanai Neko Vol. 03 (Mangá) - Sagara, Sou & Okomeken
13 - Wise Women (RPG) - Aleksandra Brokman
14 - 7th Sea 1e - For the Sake of Change (RPG) - Les Simpsom
15 - SMH 2016 - Remoções no Rio de Janeiro Olímpico - Lucas Faulhaber & Lena Azevedo
16 - Black Silence (HQ) - Mary Gagnin
17 - Dangerous Times Zine (RPG) - Michael Bacon
18 - A luta esquecida dos negros pelo fim da escravidão no Brasil - Amanda Rossi Juliana Gragnani
19 - Mage: The Ascension 1e - Loom of Fate (RPG) - Chris Hind

Abandonados:
01 - - Buddhism: A Beginners Guidebook (audiobook) - Sam Siv - 51%

quarta-feira, 19 de abril de 2023

Mil Faces de um RPGista - Trinity - Stefani/Poker Face


Jogo: Trinity, ex- Æon.
Sistema: Revised Storyteller System.
Autoria: Andrew Bates (org.)
Editora: White-Wolf Publishing
Experiência: Li lá nos anos 90/2000 e depois nunca mais peguei. Vamos ver se consigo fazer um personagem sem precisar reler o livro inteiro.
Livros usados: Só o básico.

No final dos anos 1990, o Mundo das Trevas se encaminhava para o seu final, a White-Wolf então começou a buscar seu próximo grande RPG. Um foi Exalted que um dia vai aparecer aqui e outro foi a série Æon Trinity. Trinity, como ficou conhecido após uma briga judicial com a agora defunta MTV pelo nome Æon, trazia um universo de super-heróis no futuro, em 2120. Uma raça de aliens benevolentes (ou assim acreditávamos) entrega à humanidade uma tecnologia que permitiria evoluir alguns humanos para se tornarem psions, pessoas com habilidades psiônicas que poderiam afetar o campo sub-quântico.
Esse primeiro livro básico, como era típico da WW na época, seria acompanhado de outros dois: Aberrant, ambientado no início do século 21 envolvendo super-heróis que fatalmente se corromperiam, e Adventure, ambientado nos anos 1920 girando ao redor de heróis pulp e contava o início da Sociedade Æon que é uma organização que perpassa todo o cenário.
O cenário é bem rico e complexo e não vou conseguir contemplar tudo, mas basicamente temos algumas raças alienígenas, inclusive com embaixadas na Terra, temos exploração do sistema solar, temos toda uma reorganização dos blocos políticos e temos colônias extra-solares que se perderam depois que os teleportadores sumiram (como de praxe temos de ter um clã/tribo/tradição desaparecido e outro que se corrompeu, né?).
Vamos fazer uma psion.

Passo Um: Conceito. O primeiro passo, como quase sempre, é criar um conceito de personagem. O sistema traz a proposta de Origem para escrever isso. Porque não Conceito eu não faço ideia. Eu tinha uma ideia para uma personagem clarisentiente em uma campanha buscando recuperar o contato com as colônias extra-solares, mas acho que vou seguir por outro caminho e mergulhar um pouco nos conflitos políticos do século XXII, então vou escolher como Origem “Espião”.Depois temos Nature que funciona como em todos os livros do Velho Mundo das Trevas, mas sem Demeanor pra complicar as coisas. Acho que vou de Conniver, e com isso a ideia da minha personagem via se formando. Por fim eu escolho minha Aliança que pode ser com qualquer uma das ordens psi, apesar do livro não ser claro se eu posso pegar aliança com uma ordem e ter os poderes de outra. Como eu quero fazer uma biocinética pego Aliança com a Norça, uma organização dedicada a erradicar os aberrants ainda escondidos na sociedade e ligada ao governo ditatorial da América do Sul (pois é). Acho que o nome da minha personagem é Stefani e ela foi criada dentro da “agência” desde nova, sem contatos com família ou amigos. Seu codename é Poker Face. Sim, estou fazendo duas referências à Lady Gaga aqui, deal with it!

Passo Dois: Atributos. O bom e velho esquema de priorizar entre Físicos, Mentais e Sociais. Quero Físicos como primário, Sociais como secundário e Mentais como terciário. O que me dá, respectivamente, sete/cinco/três pontos para distribuir, lembrando que já começo com um em cada.
Físicos: Strength 3, Dexterity 4, Stamina 3.
Sociais: Charisma 2, Manipulation 4, Appearence 2.
Mentais: Perception 2, Intelligence 2, Wits 2.

Passo Três: Habilidades. Aqui a coisa é um tanto diferente de outros jogos Storyteller. Eu tenho dez pontos para distribuir em habilidades ligadas à minha Aliança, no meu caso Athletics, Brawl ou Martial Arts, Intrusion, Melee, Stealth e Savvy, e outros treze pontos que eu posso distribuir como quiser. Deixa eu ver aqui como vou fazer isso.
Então eu vou distribuir meus pontos assim:
Athletics 2, Martial Arts 2, Intrusion 2, Stealth 2, Subterfuge 2, Linguistics 1, Investigation 2, Awareness 2, Firearms 2, Melee 2, Rapport 1, Intimidation 1, Savvy 2.
Talvez eu não tenha entendido alguma coisa, mas não vi motivo para dividir os pontos dessa forma além de me forçar a pegar habilidades que eu já queria pegar no conceito do meu personagem de qualquer forma.

Passo Quatro: Vantagens. Eu tenho sete pontos de Backgrounds e três pontos para os meus Modes (meus poderes psíquicos.
Para os Backgrounds eu quero 3 em Cypher, que torna quase impossível alguém ter qualquer informação sobre mim, inclusive eu mesma, o que pode ser um gancho para uma história pessoal bem interessante. Além disso quero 2 em Contatos e 2 em Resources e é isso.
Para meus Modes, primeiro preciso escolher minha Aptitude, que eu já decidi que será Biokinese. Eu poderia ser da Norça e pegar a Aptitude de outra Order? Poderia… talvez. O livro diz que sim, mas é raro e não dá mais detalhes. Mas eu quis Biokinese desde o início. Isso já me dá a Técnica Básica de Biosense que me permite analisar outros seres vivos e biotecnologias.
Olhando os Modes, eu quero colocar um ponto em Adaptation que me dá Metabolic Efficiency e os outros dois pontos eu coloco em Transmogrify que me dá os poderes Gross Manipulation e Molding. Eu também quero o poder de nível três, mas vai ficar para os Bonus Points no final.

Parte Cinco: Toques Finais. Primeiro eu preciso anotar algumas características:
Willpower é cinco.
Psi é (Stamina+Wits+Charisma)/2, arredondado para cima. Isso dá...quatro.
Initiative é (Dexterity+Wits), ou seja seis.
Movement é wallk 5m, run Dex+12m que é igual à 16m e sprint [Dex x3]+20m = 32m.
(acho que em algum momento havia a ideia de transformar ou criar um jogo tático em cima da proposta desse universo).
Por fim, sobram os meus Bonus Points, os antigos Freebie Points do WoD, Eu gasto logo quatro para pegar o nível 3 de Transmogrify que vai me dar Transformation. Stefani pode ser qualquer pessoa agora. Gasto seis para aumentar Subterfuge, Intimidantion e Rapport em um nível cada. E acho que vou gastar os últimos cinco para aumentar meu Psi para 5 porque é o que eu uso pra ativar meus poderes.

Parte Seis: Fagulha de Vida. Vamos dar um pouco mais de vida a essa personagem. Stefani, apesar do nome é colombiana, em sua forma natural ela é uma mulher baixa, esguia, morena de cabelos negros. O governo identificou o potencial psi nela desde cedo então ela foi criada pela agência desde os sete ou oito anos? Ela não sabe quem são seus pais e de tanto ser outras pessoas ao longo dos anos ela nem sempre se identifica ao se olhar no espelho. Acho que seria interessante em minha campanha imaginária que ela fosse buscando a própria identidade como um contraponto do plot maior da campanha, talvez ela receba propostas da Orgotek ou do Ministry para ser uma agente dupla, ou talvez ela descubra que os terroristas aberrantes são apenas descendentes dos aberrants que não foram mandados para o espaço na segunda metade do século XXI e só querem viver vidas normais e tranquilas, mas não tem muito controle de seus poderes. Muitas possibilidades.
________________________________________________________

Stefani (Poker Face)
Origin: Spy
Nature: Conniver
Allegiance: Norça
Attributes and Abilities:
Físicos:
Strength 3
Dexterity 4 – Athletics 2, Firearms 2, Martial Arts 2, Melee 2, Stealth 2
Stamina 3

Sociais:
Appearence 2 – Intimidation 2
Manipulation 4 – Subterfuge 3
Charisma 2 – Savvy 2

Mentais:
Perception 2 – Awareness 2, Investigation 2
Intelligence 2 – Intrusion 2, Linguistics 1
Wits 2 – Rapport 2

Backgrounds: Cypher 3, Contacts 2, Resources 2.
Aptitude: Biokinesis
Basic Technique: Biosense
Modes: Adaptation 1, Transmogrify 3.

Willpower 5
Psi 5
Initiative 6
Movement: Walk 5m, Run 16m, Sprint 32m

domingo, 16 de abril de 2023

Leituras 2023 - Semana 15


Leituras 2023 - Semana 15
19 Lidos
Lendo:
01 - Parselings Core Rulebook (RPG) - Leo Cheung - 30% 
02 - Legend of the Five Rings 4th Edition (RPG) - Shawn Carman, Robert Hobart, Jim Pinto & Brian Yoon - 17%

Contos, Poesias & Artigo*
- Ecos do Golpe - Vários Autores - 11% (09)
- Mulheres vs Monstros - Vários Autores - 45% (08)
- Deus Ex Machina - Deuses e Monstros - Vários Autores - 54% (08)
- Paranoia XP - Crash Priority (RPG) - Vários Autores - 03% [02] (08)
- Olhares Sobre a Formiga: Comunidade, escola e universidade em um encontro de saberes - 05% (13)
*Sendo lidos de forma não-linear. Os mais em cima foram lidos mais recentemente. O número entre ()s indica quantos contos/poesias faltam para terminar.

Lidos:
01 - Border, e agora? Do Diagnóstico ao dia a dia - Letícia Lopes
02 - The Dare: Call of Cthulhu Adventure (RPG) - Kevin A. Ross
03 - It Takes A Child To Raze A Village (RPG) - Matt Jones
04 - Como Educar Crianças para a Paz - Laura Perls
05 - Dreadful: Three Ready to Play Scenarios for Dread (RPG) - Sam Gundaker
06 - Laser & Feelings (RPG) - John Harper
07 - L5R 1e - Code of Bushido (RPG) - Ree Soesbee, Rob Vaux, John Wick e Pat Kapera
08 - Renewal & Riot (RPG) - Joan Nobile
09 - Vampire: The Masquerade V5 (RPG) - Jason Carl (org.)
10 - Hentai Ouji to Warawanai Neko Vol. 01 (Mangá) - Sagara, Sou & Okomeken
11 - Hentai Ouji to Warawanai Neko Vol. 02 (Mangá) - Sagara, Sou & Okomeken
12 - Hentai Ouji to Warawanai Neko Vol. 03 (Mangá) - Sagara, Sou & Okomeken
13 - Wise Women (RPG) - Aleksandra Brokman
14 - 7th Sea 1e - For the Sake of Change (RPG) - Les Simpsom
15 - SMH 2016 - Remoções no Rio de Janeiro Olímpico - Lucas Faulhaber & Lena Azevedo
16 - Black Silence (HQ) - Mary Gagnin
17 - Dangerous Times Zine (RPG) - Michael Bacon
18 - A luta esquecida dos negros pelo fim da escravidão no Brasil - Amanda Rossi Juliana Gragnani
19 - Mage: The Ascension 1e - Loom of Fate (RPG) - Chris Hind

Abandonados:
01 - - Buddhism: A Beginners Guidebook (audiobook) - Sam Siv - 51%

sexta-feira, 14 de abril de 2023

Mil Faces de um RPGista - Blue Rose AGE - Luan


Jogo: Blue Rose AGE 2e
Sistema: Adventure Game Engine - AGE
Autoria: Steve Kenson & Jack Norris
Editora: Green Ronin Publishing, recentemente descobri que vai ser publicado no Brasil pela Jambô Editora.
Experiência: Li um resumo uns quinze ou vinte anos atrás e só recentemente li o livro mesmo.
Livros usados: O básico.

Nos anos 2000 pipocaram uma série de jogos e cenários utilizando o sistema d20. A grande maioria deles foi morrendo quando o frisson da abertura da licença do D&D 3.0 foi reduzindo. Alguns desses cenários sobreviveram, entretanto. Alguns criando sistemas próprios e se desvinculando da OGL. Blue Rose foi um deles.
Originalmente publicado sobre o sistema True20, que na minha opinião foi a melhor tentativa de transformar o sistema d20 em algo genérico, a Green Ronin depois viria a republicá-lo em um novo sistema próprio. O Adventure Game Engine, ou AGE. Apesar de manter algumas estruturas como o sistema de classes, raças e feats, o AGE trazia uma mecânica centrada em 3d6 e nos stunts, (os quais eu acho uma ideia muito boa, mas ainda precisaria colocar na mesa pra ver se funcionam mesmo) e seu cenário mais famoso é o Dragon AGE que é baseado no jogo de computador de mesmo nome.

Nota: Já estava na classe do personagem quando me toquei que não falei aqui sobre o sistema de Stunts. Como eu disse, em AGE você rola 3d6 em vez de 1d20, sendo que um desses dados precisa ser de cor diferente e é o Stunt Die. Quando você rola dois dados com o mesmo número você pode usar o valor do Stunt Die como Stunt Points para fazer coisas legais. Há algumas listas para usar em certas situações (combate, encontros sociais, exploração, etc) e algumas habilidades te dão acesso a formas especiais de usar esses pontos. Espero ter esclarecido e voltamos a programação normal.

Mas e Blue Rose? Sobre o que é esse cenário? Blue Rose traz uma proposta de ser um cenário de fantasia romântica. Os jogadores não são um bando de mercenários invadindo masmorras e matando dragões. Eles são heróis com um destino, correndo o risco de se corromper e lutando para defender seu reino, seus ideiais e as pessoas que amam.
Infelizmente o cenário sofreu (e ainda sofre) muito preconceito, ainda mais por ser inclusivo às pessoas LGBTQIA+. Mas continua aí firme e forte em sua segunda edição e, inclusive, com uma adaptação para o D&D 5e.

Passo Um: Conceito. Em primeiro lugar, eu quero fazer um personagem trans. Já fiz alguns personagens trans para esse projeto e acho legal fazer um já que em Blue Rose personagens trans fazem parte do cenário e até da cosmologia, onde dois dos quatro grandes deuses são trans, sendo um gender-fluid e outro não-binárie. Esses são chamados de Laevvel e são considerados abençoados Anwaren ou Selene. Em Aldis, o reino central do cenário, eles são parte da sociedade como qualquer outra pessoa. Só que eu quero fazer um personagem de Jarzon, o reino que para sobreviver as guerras dos reis feiticeiros aboliu a magia e se entregou a uma interpretação um tanto restritiva da religião. Meu personagem também será um adepto, um praticante de magia, penso nele como um curandeiro, o único tipo de magia aceito em Jarzon. Minha ideia é que quando a campanha imaginária começar, ele terá fugido em uma caravana dos Roamers (uma nação itinerante que teve sua terra natal destruída por uma rainha feiticeira) em direção â Aldis. Acho que já tenho bastante material de conceito, vamos continuar.

Passo Dois: Determinar Habilidades. Existem nove atributos em AGE (que eu não sei porque eles chamam tanto de atributos quanto de habilidades): Accuracy, Communication, Constitution, Dexterity, Fighting, Intelligence, Perception, Strength e Willpower. Normalmente eu não gosto de sistemas com muitos atributos, mas nesse caso eles encaixam bem com as perícias para criar uma diversidade que me agrada. Eu tenho duas opções, ou eu rolo meus atributos ao estilo D&D ou compro com pontos. Quer saber? Vamos rolar essa budega!
Consigo 12, 16, 11, 6 (ai!), 13, 13, 14, 13, 15. Posso ter trapaceado um pouco com uns números realmente baixos? Posso! Vocês nunca saberão.
Agora, seguindo a regra opcional (Por que opcional? Por quê?) eu posso rearranjar esses números do jeito que eu quiser em vez de apenas colocá-los em ordem na minha ficha. Ah sim, antes eu preciso transformá-los em modificadores porque esses números que rolei não servem para mais nada. Então eu fico com 2, 3, 1, 0, 2, 2, 2, 2, 3.
Distribuo assim: Accuracy 2, Communication 2, Constitution 2, Dexterity 1, Fighting 2, Intelligence 3, Perception 2, Strength 0 e Willpower 3. Até que ficou bem equilibrado.

Passo Três: Escolha uma Raça. Tem umas opções muito legais nesse cenário, como o povo do mar, os vata que são uma raça que mantém conexões com os deuses, ou até um rhydan, um animal inteligente. Mas o conceito de personagem que criei fica melhor para um personagem Humano mesmo. Então nenhum modificador nas Habilidades.

Passo Quatro: Determine Background. Como já disse, meu personagem (preciso pensar em um nome) vem de Jarzon. Por isso eu posso escolher entre quatro foci: Communication (Etiquette), Intelligence (Historical Lore), Intelligence (Religious Lore) ou Willpower (Faith). Acho que vou ficar com Willpower (Faith). Pode ser que meu personagem (eu sinto um nome na ponta da língua) vá descobrindo que sua fé é muito maior do que o que os Puristas de Jarzon lhe ensinaram.

Passo Cinco: Escolha uma Classe. Assim como no True20 só existem três classes. Os Adeptos (que fazem magia), os Guerreiros (que batem) e os Especialistas (que são cheios de perícias). Cheguei a pensar em fazer Luan (sim, criei um nome) um Especialista com um toque menor de magia, mas quero ele como Adepto.
Fiquei um tempo longe resolvendo questões pessoais. Sentiram minha falta? Claro que não, né!? rs
Bom, como Adepto eu tenho uma lista de atributos primários que, se não me engano, são os que eu tenho mais facilidade para aumentar conforme subo de nível. Deixa só eu confirmar aqui...Isso mesmo. Bom, meus atributos primários são: Accuracy, Intelligence, Perception, e Willpower. Se não me engano foram os que eu foquei lá em cima.
Além disso minha classe determina minha Health (pontos de vida, mas fala diferente) inicial. Rolo 1d6, tiro 6 o que me dá uma Health inicial de 28.
Também ganho acesso aos Weapons Groups Brawling e Staves. Não pretendo cair muito na porrada, mas é bom saber.
Agora vamos para a parte legal. As habilidades da classe. Primeiro eu escolho dois Talentos Arcanos como Noviço entre Animism, Arcane Training, Healing, Meditative, Shaping, Psychic, Visionary, or Wild Arcane. Preciso ver o que cada um faz.
Eu também posso usar um Stunt específico para canalizadores por um Stunt Point a menos. Preciso ver se falei sobre os Stunt Points lá em cima, se não vocês vão me ver citando esse parágrafo lá em cima e saberão que ele foi escrito antes da explicação lá.
Por fim eu ganho um Talento como Noviço entre Linguistics, Lore, Medicine e Observation.
Vou rever como Talentos funcionam e depois eu continuo aqui.
Beleza, reli aqui e os Talentos são basicamente as habilidades especiais desse jogo. Elas são divididas em três níveis: Novice, Journeyman e Master. Os Talentos Arcanos também me dão acesso à Arcanas, que são as magias.
Bom, primeiro quero escolho qual Talento não-arcano eu quero. Dessa lista, pensei em pegar Medicine, mas acho que Luan não teria aprendido Medicina em Jarzon. Em vez disso, pego Observation. O nível Novice disso me dá um Focus em Perception entre Empathy e Seeing. Isso me dá um bônus de +2 em testes de Percepção que envolva o Focus. Escolho Empathy. Imagino Luan como alguém que consegue tocar a alma dos outros.
Já nos arcanos, eu sei que quero Healing e das opções acho que vou pegar Psychic.
Ambos me dão Psychic Shield, Second Sight, como isso gera repetição isso me dá a oportunidade de pegar dois arcanas extras de um dos dois tipos. Além disso eu pego Psychic Contact e Cure. Também pego mais um arcana de cada tipo. Lendo a lista de arcanas eu vejo que quero pegar Calm, Illusion, Sleep e Body Control, e terminei essa parte.

Passo Seis: Equipamento. O sistema não foca muito em aquisição de equipamentos. Basicamente você escolhe aquilo que é importante para seu personagem. Imagino que Luan tem um Bastão que usa mais para caminhada do que como arma, as roupas do corpo e seus livros sagrados que ele estuda frequentemente. Ele vive oferecendo seus serviços como curandeiro.

Passos Sete: Defesa e Velocidade.
Defesa é 10+Dexterity+Shield Bonus = 11.
Velocidde é 10+Dexterity-Armor Penalty = 11.

Passo Oito: Escolha um nome. O nome é apenas Luan, ele rompeu com seu deadname e sua família quando fugiu de Jarzon, por isso não tem sobrenome. Se eu fosse jogar com esse personagem, talvez ele acabasse recebendo um título ao longo da campanha para entrar no lugar do sobrenome. O motivo de ter escolhido Luan é que Selene, primordial não-binarie do ar, é representade pela Lua.

Passo Nove: Objetivos e Persona. Aqui é onde monto a personalidade de Luan com algumas características e mecânicas.
A primeira coisa a definir é o Chamado (Calling) de Luan. Isso é representado pelos arcanos maiores do tarô (que existe nesse mundo e tem uma relação muito legal com o lore). Eu posso escolher um ou sortear. Vamos sortear e ver o que sai. Tirei A Lua, a partir daí meu Calling é Descobrir e aprender segredos. Interessante. Talvez ele esbarre em algum segredo da corte de Aldea, talvez se torne parte de um grupo de pesquisadores dos mistérios do Império dos Espinhos. Gostei, acho que encaixa bem. Toda vez que eu sigo meu Chamado eu ganho Convicção, um recurso que me permite re-rolar dados, aumentar minha defesa, recuperar vida, etc.
A seguir preciso definir o Destiny e o Fate de Luan. O Destiny representa o melhor que ele pode se tornar, enquanto o Fate é o seu lado corrupto, sua sombra. Novamente eu ganho Convicção quando sigo tanto um quanto o outro. Eles são definidos pelos arcanos menores do tarô. Vamos sortear de novo e ver o que sai. Minhas cartas são Dez de Pentáculos e Três de Pentáculos, o que me dá um Destiny de Open-Minded e um Fate de Sloppy. Precisei pesquisar o que significa Sloppy porque não sabia. Então Luan é Cabeça Aberta para novas experiências (o que é ótimo para alguém que abandonou tudo que ele conhecia e se lançou no mundo) e Desleixado ou Descuidado. Acho que posso trabalhar com essa combinação.
Próximo é Corruption. Como ainda não fiz nenhum ato que me dê corrupção (ou talvez tenha feito para fugir de Jarzon? Hummm, poderia ser uma backstory interessante) nem peguei nenhuma Sorcery em meus Arcana, eu começo com Corruption zero.
Para terminar essa etapa, eu decido os Objetivos (Goals) de Luan. Eles são mai abertos que outras características dessa parte e é recomendado que eu escolha pelo menos dois, um de curto prazo e um de longo prazo. Isso não tem nenhum efeito mecânico a não ser que eu conecte com um Relacionamento (próximo passo). Acho que para longo prazo penso que Luan busca “Encontrar seu lugar no mundo”. Está bem genérico mesmo e se eu fosse jogar com ele talvez deixaria para ir lapidando esse objetivo conforme a campanha corresse. Para o de curto prazo, deixa eu ver… Acho que vou deixar esse em aberto até resolver os Relacionamentos.
Bom, voltei e decidi que o Objetivo de curto prazo de Luan é conhecer o castelo da Rosa Azul. Algo que eu imagino que aconteceria logo no início da minha campanha imaginária, por isso de curto prazo.

Passo Dez: Relacionamentos. Relacionamentos falam de relacionamentos importantes para o personagem e que o motivam a tomar certas ações para com os alvos de seus relacionamentos. São divididos em Laços (uma frase que define o relacionamento) e a intensidade (uma gradação numérica). Uma vez por sessão um jogador pode usar um relacionamento para ganhar Stunt Points extras em uma ação ligada à outra pessoa do seu relacionamento, além de alguns outros benefícios como usar Stunts especiais (que eu adoro que os nomes deles sejam referências à The Princess Bride). Só não estou achando com quantos relacionamentos eu começo.
Achei!
Eu posso começar com até dois Relacionamentos. Um de nível 2 e um de nível 1.
Para o Relacionamento de nível 2, eu acho que vou criar uma NPC, uma velhinha Roamer que ajudou Luan a fugir de Jarzon e a escondeu em seu carroção. Acho que vou chamá-la de Illana e defino o laço com ela como “Ela salvou a minha vida quando ninguém mais se importava”.
Se eu fosse jogar com esse personagem deixaria para decidir o relacionamento de nível 1 quando chegássemos em Aldis, onde essa campanha imaginária começaria. Acho que vou fazer isso mesmo.

E está pronto. Se eu fosse jogar com Luan gostaria de combinar com meu mestre imaginário para ele não usar sua história em Jarzon como gancho. É algo que está morto para ele e ponto. Mas seria interessante ver Luan conhecendo a interpretação menos restritiva do mito da criação do mundo e tendo de lidar com o que aprendeu a vida inteira como certo e uma visão menos “purista” (como os sacerdotes de Jarzon se denominam) e mais focada no amor e na compreensão. Seria um personagem interessante de jogar com o mestre ou a mestra certos.

________________________________________________________________

Luan
Race:
Human
Background: Jarzon
Class: Adept 1
Calling: Discovering and learning secrets (The Moon).
Destiny: Open-Minded (Ten of Pentacles).
Fate: Sloppy (Three of Pentacles)
Corruption: 0

Abilities:
Accuracy 2, Communication 2, Constitution 2, Dexterity 1, Fighting 2, Intelligence 3, Perception 2, Strength 0 e Willpower 3
Focuses: Perception (Empathy)

Talents:
Observation Novice
Healing Novice
Psychic Novice

Arcana: Psychic Shield, Second Sight, Psychic Contact, Cure, Calm, Illusion, Sleep, Body Control.
Weapon Groups: Staffs and Braling.

Equipment: Staff and Books
Health: 28
Defense: 11
Speed: 11

Goals:
Long: Find My Place in the World
Short: See the Blue Rose Palace

Relationships:
Illana – She saved my life when noone else cared 2


domingo, 9 de abril de 2023

Leituras 2023 - Semana 14


Leituras 2023 - Semana 14
19 Lidos
Lendo:
01 - Parselings Core Rulebook (RPG) - Leo Cheung - 26% [046]
02 - Legend of the Five Rings 4th Edition (RPG) - Shawn Carman, Robert Hobart, Jim Pinto & Brian Yoon - 11% [041]

Contos, Poesias & Artigo*
- Ecos do Golpe - Vários Autores - 11% (09)
- Mulheres vs Monstros - Vários Autores - 45% (08)
- Deus Ex Machina - Deuses e Monstros - Vários Autores - 54% (08)
- Paranoia XP - Crash Priority (RPG) - Vários Autores - 03% [02] (08)
- Olhares Sobre a Formiga: Comunidade, escola e universidade em um encontro de saberes - 05% (13)
*Sendo lidos de forma não-linear. Os mais em cima foram lidos mais recentemente. O número entre ()s indica quantos contos/poesias faltam para terminar.

Lidos:
01 - Border, e agora? Do Diagnóstico ao dia a dia - Letícia Lopes
02 - The Dare: Call of Cthulhu Adventure (RPG) - Kevin A. Ross
03 - It Takes A Child To Raze A Village (RPG) - Matt Jones
04 - Como Educar Crianças para a Paz - Laura Perls
05 - Dreadful: Three Ready to Play Scenarios for Dread (RPG) - Sam Gundaker
06 - Laser & Feelings (RPG) - John Harper
07 - L5R 1e - Code of Bushido (RPG) - Ree Soesbee, Rob Vaux, John Wick e Pat Kapera
08 - Renewal & Riot (RPG) - Joan Nobile
09 - Vampire: The Masquerade V5 (RPG) - Jason Carl (org.)
10 - Hentai Ouji to Warawanai Neko Vol. 01 (Mangá) - Sagara, Sou & Okomeken
11 - Hentai Ouji to Warawanai Neko Vol. 02 (Mangá) - Sagara, Sou & Okomeken
12 - Hentai Ouji to Warawanai Neko Vol. 03 (Mangá) - Sagara, Sou & Okomeken
13 - Wise Women (RPG) - Aleksandra Brokman
14 - 7th Sea 1e - For the Sake of Change (RPG) - Les Simpsom
15 - SMH 2016 - Remoções no Rio de Janeiro Olímpico - Lucas Faulhaber & Lena Azevedo
16 - Black Silence (HQ) - Mary Gagnin
17 - Dangerous Times Zine (RPG) - Michael Bacon
18 - A luta esquecida dos negros pelo fim da escravidão no Brasil - Amanda Rossi Juliana Gragnani
19 - Mage: The Ascension 1e - Loom of Fate (RPG) - Chris Hind

Abandonados:
01 - - Buddhism: A Beginners Guidebook (audiobook) - Sam Siv - 51%




quarta-feira, 5 de abril de 2023

Mil Faces de um RPGista - Blood Feud - Hogni "Barba Queimada"


Jogo: Blood Feud Playtest Ver. 1.4 – A Roleplaying Game About Honor, Power and Toxic Masculinity.
Sistema: Uma variante de Belongings Outside Belongings.
Autoria: Alf Peter Malmberg & Amos Johan Persson.
Editora: Bläckfisk Publishing.
Experiência: Só li esse playtest. Ainda não consegui colocar na mesa e não sei se algum dia conseguirei colocá-lo.
Livros usados: A última versão (1.4) do playtest que foi disponibilizada na página do Kickstarter.

Já trouxe alguns RPGs com propostas inusitadas aqui, Blood Feud é um destes. Antes de continuar quero avisar que o texto abaixo fala de temas sensíveis relacionados a masculinidade tóxica. Se tópicos ligados a esse tema te são incômodos ou desagradáveis fica o aviso para que você decida seguir ou não.
Dito isso, Blood Feud é um RPG que tem como proposta de ser mais do que um jogo, uma provocação a reflexão sobre o tema da masculinidade tóxica entranhada em nossa sociedade.
Os jogadores são homens em uma aldeia escandinava em um período pré-cristão. As mecânicas estimulam os personagens a se relacionarem de uma certa forma a fim de conquista Honra, um recurso limitado do jogo. Na estrutura do jogo existe um momento de “debrief”, onde os jogadores relatam como foi a experiência do jogo e fazem correlações com comportamentos que eles mesmos têm ou observam em outros no nosso mundo atual.
Dá pra ver que é um jogo que demanda um certo tipo de grupo, não é?
Bom, vamos fazer um macho escroto… digo, um aldeão escandinavo pré-cristão.

Passo Um: Decidam o Tempo. O primeiro passo do jogo é decidir quanto tempo ele vai durar. Blood Feud é um RPG sem mestre, então o tempo também pode ser decidido para cada cena. O livro sugere quatro horas com meia hora para o “debrief”, o que daria para um grupo de quatro jogadores realizarem cada um duas cenas. Pessoalmente eu recomendaria, um tempo menor para uma primeira partida (se é que vai ter uma segunda), talvez duas horas com cada jogador montando uma cena. Para isso a Honra também teria de ser ajustada.

Passo Dois: Defina Expectativas. Aqui é pedido para cada jogador ou um jogador atuando como facilitador vá passando o livro e lendo trechos onde é explicada a proposta do jogo, o objetivo e o quanto deve se tentar evitar transformar em algum tipo de comédia para fugir do peso que a proposta tem. Também são discutidos os sistemas de segurança a serem utilizados.

Passo Três: Preenchendo a Ficha de Personagem. Enfim chegamos ao personagem em si. Primeiro eu preciso escolher um nome e um apelido para ele. O livro traz uma lista de sugestões, ainda bem.
Apesar de Olaf e Stein me chamarem a atenção eu acho que vou com Hogni. Mas vou deixar Olaf e Stein como os personagens de dois jogadores imaginários que estariam se preparando para jogar comigo. Isso vai ser necessário mais a frente.
Também tenho de escolher um apelido, e daí acho que preciso pensar em quem Hogni é.
Em um primeiro momento pensei em fazer um cara mais sensível, talvez um bardo, mas percebi que isso poderia ser uma tentativa de fuga do tema do jogo. Então pensei “por que não o ferreiro da vila?” e taí. Hogni é o ferreiro da vila, um homem bronco e de poucas palavras. Dou uma olhada na lista de apelidos e escolho Barba Queimada. Hogni já teve sua cota de acidentes na forja.
Preciso decidir entre meus companheiros Quem eu “olho para cima” como adimiração e quem eu “olho para baixo” com menosprezo. Digamos que eu “olho para cima” para Olaf, dono do maior barco de pesca do vilarejo, tenho admiração (e talvez algo mais?) por sua riqueza e o respeito dos aldeões. Eu “olho para baixo” para Stein, que trabalha com couro arrancado dos animais caçados na floresta próxima, vejo sua profissão como inferior a minha e como algo sujo.
Os outros “jogadores” fazem o mesmo. Cada vez que alguém te escolhe como “olho para cima” você ganha um de Honra. Você tem de dividir os jogadores igualmente (ou tão igualmente como possível). Aí eu entendi um dos porquês do jogo sugerir um grupo de quatro pessoas.
Então vamos criar mais um jogador imaginário aqui. Deixa eu ver a lista de nomes de novo. Sven! Sven é um jovem ainda sem barba que vive se metendo em confusão. Ele é filho do dono das minhas de ferro, logo meu personagem tem de se dar bem com o pai dele, mas Sven vai para a lista dos “olho para baixo”.
Eu simplesmente atribui que Olaf e Stein cada um me olhava de uma forma, mas com a entrada e Sven vou mudar isso. Vou rolar um d6 para cada um. Se sair ímpar ele “olha para cima” para mim, se par “olha para baixo”. Rolo 3d6 e tiro 6, 5, 2. Hogni não é muito querido na aldeia então. Rs Eu continuo começando com apenas um de Honra.

Passo Quatro: Criar Quereres. Agora eu seleciono algo que eu quero do jogador a minha esquerda de uma lista dependendo se eu “olho para cima” ou “olho para baixo” para ele. Vou considerar que o jogador a minha esquerda é Olaf, alguém para quem eu olho para cima. Logo de cara penso em pegar “ganhar seu respeito”, mas sigo lendo a lista e acho que “ter o que ele tem” fica mais interessante.

Passo Cinco: Criar um Mapa de Relacionamentos. Nesse ponto os jogadores montam um mapa de relacionamentos entre seus personagens ao mesmo tempo que montam um mapa da aldeia a partir de certos locais chave. Como sou apenas eu, vou pular essa parte.

*

Passo Cinco e meio: Criar uma Mulher. O único ponto desse Passo Cinco que eu não vou pular é o “Criar uma Mulher”. Nesse subpasso os jogadores com personagens casados criam suas esposas, e os solteiros podem criar uma mãe, uma irmã ou filha.
Mulheres nesse jogo tem uma mecânica curiosa. Quando uma cena é montada, um dos jogadores é escolhido para ser uma mulher na cena e toda cena precisa ter uma mulher, tanto que quando a mulher sai de cena ela acaba.
Vou criar a irmã de Hogni, Hedda. Para criar uma mulher nesse jogo você pega um cartão, coloca o nome dela no topo e deixa três linhas em branco. Atrás desse cartão você escreve o que essa mulher quer mais da vida, alguma coisa não relacionada com as questões dos homens. Vou colocar que o maior desejo de Hedda é se lançar ao mar, ir para além dos limites de nossa aldeiazinha.
Agora esse cartão é passado para os três jogadores a minha esquerda e cada um deles escreve na frente do cartão (eles não podem virar o cartão) em uma ou duas palavras uma Reputação que essa mulher tenha. Pode ser algo positivo ou negativo.
Vou dizer que Olaf escreveu “forte”, Stein escreveu “difícil” e Sven colocou “desagradável”. E isso finaliza a personagem.
As únicas formas de alguém ver o que está escrito atrás do cartão é sendo essa mulher em uma cena ou se deitando com ela.

Passo Seis: Preencha Seus Relacionamentos Masculinos. Esse é um ponto estranho do livro. Aqui fala para eu preencher a parte da ficha que fala do meu relacionamento com os personagens dos outros jogadores e NÃO dizer ainda se eu “olho para cima” ou “olho para baixo” para cada um deles. O que entra em contradição com o que o livro propõem lá no Passo Três. Como esse livro é um Playtest imagino que tenha sido uma falha de edição.
Uma outra falha que notei agora é que na ficha tem uma parte de “Traits” que não aparece em nenhum lugar do roteiro do livro, então vou fazer isso agora.
Eu preciso escolher cinco Traits dentre duas colunas. Sendo que eu preciso escolher pelo menos um de cada coluna.
Da coluna da esquerda eu seleciono Eu Tenho um Filho Forte (Finn) e Eu Conheço a Lei.
Da coluna da direita eu escolho Eu Não Tenho Interesse Sexual por Mulheres (Plot-twist) e Eu Temo a Morte.
Preciso escolher mais um. Decido por Eu Sou Casado com uma Mulher, da coluna da esquerda.
Talvez em vez de Hedda ser irmã de Hogni, ela é sua esposa. Eles tiveram uma única relação sexual na sua noite de núpcias e desde então Hogni nunca mais a tocou sexualmente ao mesmo tempo que tenta “colocá-la na linha”.

Passo Sete: Dê um Tempo. O livro diz que cerca de uma hora deve ter se passado a esse ponto e é um bom momento para dar um tempo, respirar, relaxar, se esticar. Tenho de dizer que ele está correto com o tempo que estou levando para escrever esse texto e vou ali me esticar um pouco e depois eu volto.

Passo Oito: Sumarize as Regras. Esse é o ponto em que as regras são explicadas, tanto com os Moves do jogo quanto alguns guias para a montagem de cenas.

Passo Nove: Monte a Primeira Cena. Hogni está trabalhando na forja quando Hedda entra com o prato do almoço. Logo depois Sven entra correndo trazendo uma encomenda de Olaf para aros de barril. Peço ao jogador de Stein que atue como Hedda nessa cena. Se todos estiverem de acordo com essa proposta começamos o jogo.

E é isso. Nossa! Esse jogo foi mais trabalhoso do que eu pensava que seria.

Algumas notas:

1) Após escrever esse texto acho que o tempo de quatro horas é mais adequado, mas não sei se daria para cada jogador montar duas cenas.

2) O jogo demanda uma certa mentalidade e acho que ele funcionaria melhor com um grupo misto de homens e mulheres. Uma mesa só de homens facilmente descambaria para uma comédia de mau gosto.

3) O “Debrief” no final é absolutamente necessário.

4) Mesmo com todas as questões controversas eu ainda gostaria de colocar esse jogo na mesa ao menos uma vez. Acho que, com o grupo certo, pode ser o ponto inicial de uma boa discussão sobre papéis de gênero.

E por hora é isso.
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Hogni “Burned Beard”
Traits
I Have a Strong Son (Finn)
I Know the Law
I am Married to a Woman (Hedda)
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I Have no Sexual Interest in Women
I Fear Death

Male Relationships
Olaf – I look up to him
Stein – I look down to him
Sven – I look down to him

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Hedda

Desire: To go away
Reputation: Strong, Difficult, Unpleasant.