sexta-feira, 14 de abril de 2023

Mil Faces de um RPGista - Blue Rose AGE - Luan


Jogo: Blue Rose AGE 2e
Sistema: Adventure Game Engine - AGE
Autoria: Steve Kenson & Jack Norris
Editora: Green Ronin Publishing, recentemente descobri que vai ser publicado no Brasil pela Jambô Editora.
Experiência: Li um resumo uns quinze ou vinte anos atrás e só recentemente li o livro mesmo.
Livros usados: O básico.

Nos anos 2000 pipocaram uma série de jogos e cenários utilizando o sistema d20. A grande maioria deles foi morrendo quando o frisson da abertura da licença do D&D 3.0 foi reduzindo. Alguns desses cenários sobreviveram, entretanto. Alguns criando sistemas próprios e se desvinculando da OGL. Blue Rose foi um deles.
Originalmente publicado sobre o sistema True20, que na minha opinião foi a melhor tentativa de transformar o sistema d20 em algo genérico, a Green Ronin depois viria a republicá-lo em um novo sistema próprio. O Adventure Game Engine, ou AGE. Apesar de manter algumas estruturas como o sistema de classes, raças e feats, o AGE trazia uma mecânica centrada em 3d6 e nos stunts, (os quais eu acho uma ideia muito boa, mas ainda precisaria colocar na mesa pra ver se funcionam mesmo) e seu cenário mais famoso é o Dragon AGE que é baseado no jogo de computador de mesmo nome.

Nota: Já estava na classe do personagem quando me toquei que não falei aqui sobre o sistema de Stunts. Como eu disse, em AGE você rola 3d6 em vez de 1d20, sendo que um desses dados precisa ser de cor diferente e é o Stunt Die. Quando você rola dois dados com o mesmo número você pode usar o valor do Stunt Die como Stunt Points para fazer coisas legais. Há algumas listas para usar em certas situações (combate, encontros sociais, exploração, etc) e algumas habilidades te dão acesso a formas especiais de usar esses pontos. Espero ter esclarecido e voltamos a programação normal.

Mas e Blue Rose? Sobre o que é esse cenário? Blue Rose traz uma proposta de ser um cenário de fantasia romântica. Os jogadores não são um bando de mercenários invadindo masmorras e matando dragões. Eles são heróis com um destino, correndo o risco de se corromper e lutando para defender seu reino, seus ideiais e as pessoas que amam.
Infelizmente o cenário sofreu (e ainda sofre) muito preconceito, ainda mais por ser inclusivo às pessoas LGBTQIA+. Mas continua aí firme e forte em sua segunda edição e, inclusive, com uma adaptação para o D&D 5e.

Passo Um: Conceito. Em primeiro lugar, eu quero fazer um personagem trans. Já fiz alguns personagens trans para esse projeto e acho legal fazer um já que em Blue Rose personagens trans fazem parte do cenário e até da cosmologia, onde dois dos quatro grandes deuses são trans, sendo um gender-fluid e outro não-binárie. Esses são chamados de Laevvel e são considerados abençoados Anwaren ou Selene. Em Aldis, o reino central do cenário, eles são parte da sociedade como qualquer outra pessoa. Só que eu quero fazer um personagem de Jarzon, o reino que para sobreviver as guerras dos reis feiticeiros aboliu a magia e se entregou a uma interpretação um tanto restritiva da religião. Meu personagem também será um adepto, um praticante de magia, penso nele como um curandeiro, o único tipo de magia aceito em Jarzon. Minha ideia é que quando a campanha imaginária começar, ele terá fugido em uma caravana dos Roamers (uma nação itinerante que teve sua terra natal destruída por uma rainha feiticeira) em direção â Aldis. Acho que já tenho bastante material de conceito, vamos continuar.

Passo Dois: Determinar Habilidades. Existem nove atributos em AGE (que eu não sei porque eles chamam tanto de atributos quanto de habilidades): Accuracy, Communication, Constitution, Dexterity, Fighting, Intelligence, Perception, Strength e Willpower. Normalmente eu não gosto de sistemas com muitos atributos, mas nesse caso eles encaixam bem com as perícias para criar uma diversidade que me agrada. Eu tenho duas opções, ou eu rolo meus atributos ao estilo D&D ou compro com pontos. Quer saber? Vamos rolar essa budega!
Consigo 12, 16, 11, 6 (ai!), 13, 13, 14, 13, 15. Posso ter trapaceado um pouco com uns números realmente baixos? Posso! Vocês nunca saberão.
Agora, seguindo a regra opcional (Por que opcional? Por quê?) eu posso rearranjar esses números do jeito que eu quiser em vez de apenas colocá-los em ordem na minha ficha. Ah sim, antes eu preciso transformá-los em modificadores porque esses números que rolei não servem para mais nada. Então eu fico com 2, 3, 1, 0, 2, 2, 2, 2, 3.
Distribuo assim: Accuracy 2, Communication 2, Constitution 2, Dexterity 1, Fighting 2, Intelligence 3, Perception 2, Strength 0 e Willpower 3. Até que ficou bem equilibrado.

Passo Três: Escolha uma Raça. Tem umas opções muito legais nesse cenário, como o povo do mar, os vata que são uma raça que mantém conexões com os deuses, ou até um rhydan, um animal inteligente. Mas o conceito de personagem que criei fica melhor para um personagem Humano mesmo. Então nenhum modificador nas Habilidades.

Passo Quatro: Determine Background. Como já disse, meu personagem (preciso pensar em um nome) vem de Jarzon. Por isso eu posso escolher entre quatro foci: Communication (Etiquette), Intelligence (Historical Lore), Intelligence (Religious Lore) ou Willpower (Faith). Acho que vou ficar com Willpower (Faith). Pode ser que meu personagem (eu sinto um nome na ponta da língua) vá descobrindo que sua fé é muito maior do que o que os Puristas de Jarzon lhe ensinaram.

Passo Cinco: Escolha uma Classe. Assim como no True20 só existem três classes. Os Adeptos (que fazem magia), os Guerreiros (que batem) e os Especialistas (que são cheios de perícias). Cheguei a pensar em fazer Luan (sim, criei um nome) um Especialista com um toque menor de magia, mas quero ele como Adepto.
Fiquei um tempo longe resolvendo questões pessoais. Sentiram minha falta? Claro que não, né!? rs
Bom, como Adepto eu tenho uma lista de atributos primários que, se não me engano, são os que eu tenho mais facilidade para aumentar conforme subo de nível. Deixa só eu confirmar aqui...Isso mesmo. Bom, meus atributos primários são: Accuracy, Intelligence, Perception, e Willpower. Se não me engano foram os que eu foquei lá em cima.
Além disso minha classe determina minha Health (pontos de vida, mas fala diferente) inicial. Rolo 1d6, tiro 6 o que me dá uma Health inicial de 28.
Também ganho acesso aos Weapons Groups Brawling e Staves. Não pretendo cair muito na porrada, mas é bom saber.
Agora vamos para a parte legal. As habilidades da classe. Primeiro eu escolho dois Talentos Arcanos como Noviço entre Animism, Arcane Training, Healing, Meditative, Shaping, Psychic, Visionary, or Wild Arcane. Preciso ver o que cada um faz.
Eu também posso usar um Stunt específico para canalizadores por um Stunt Point a menos. Preciso ver se falei sobre os Stunt Points lá em cima, se não vocês vão me ver citando esse parágrafo lá em cima e saberão que ele foi escrito antes da explicação lá.
Por fim eu ganho um Talento como Noviço entre Linguistics, Lore, Medicine e Observation.
Vou rever como Talentos funcionam e depois eu continuo aqui.
Beleza, reli aqui e os Talentos são basicamente as habilidades especiais desse jogo. Elas são divididas em três níveis: Novice, Journeyman e Master. Os Talentos Arcanos também me dão acesso à Arcanas, que são as magias.
Bom, primeiro quero escolho qual Talento não-arcano eu quero. Dessa lista, pensei em pegar Medicine, mas acho que Luan não teria aprendido Medicina em Jarzon. Em vez disso, pego Observation. O nível Novice disso me dá um Focus em Perception entre Empathy e Seeing. Isso me dá um bônus de +2 em testes de Percepção que envolva o Focus. Escolho Empathy. Imagino Luan como alguém que consegue tocar a alma dos outros.
Já nos arcanos, eu sei que quero Healing e das opções acho que vou pegar Psychic.
Ambos me dão Psychic Shield, Second Sight, como isso gera repetição isso me dá a oportunidade de pegar dois arcanas extras de um dos dois tipos. Além disso eu pego Psychic Contact e Cure. Também pego mais um arcana de cada tipo. Lendo a lista de arcanas eu vejo que quero pegar Calm, Illusion, Sleep e Body Control, e terminei essa parte.

Passo Seis: Equipamento. O sistema não foca muito em aquisição de equipamentos. Basicamente você escolhe aquilo que é importante para seu personagem. Imagino que Luan tem um Bastão que usa mais para caminhada do que como arma, as roupas do corpo e seus livros sagrados que ele estuda frequentemente. Ele vive oferecendo seus serviços como curandeiro.

Passos Sete: Defesa e Velocidade.
Defesa é 10+Dexterity+Shield Bonus = 11.
Velocidde é 10+Dexterity-Armor Penalty = 11.

Passo Oito: Escolha um nome. O nome é apenas Luan, ele rompeu com seu deadname e sua família quando fugiu de Jarzon, por isso não tem sobrenome. Se eu fosse jogar com esse personagem, talvez ele acabasse recebendo um título ao longo da campanha para entrar no lugar do sobrenome. O motivo de ter escolhido Luan é que Selene, primordial não-binarie do ar, é representade pela Lua.

Passo Nove: Objetivos e Persona. Aqui é onde monto a personalidade de Luan com algumas características e mecânicas.
A primeira coisa a definir é o Chamado (Calling) de Luan. Isso é representado pelos arcanos maiores do tarô (que existe nesse mundo e tem uma relação muito legal com o lore). Eu posso escolher um ou sortear. Vamos sortear e ver o que sai. Tirei A Lua, a partir daí meu Calling é Descobrir e aprender segredos. Interessante. Talvez ele esbarre em algum segredo da corte de Aldea, talvez se torne parte de um grupo de pesquisadores dos mistérios do Império dos Espinhos. Gostei, acho que encaixa bem. Toda vez que eu sigo meu Chamado eu ganho Convicção, um recurso que me permite re-rolar dados, aumentar minha defesa, recuperar vida, etc.
A seguir preciso definir o Destiny e o Fate de Luan. O Destiny representa o melhor que ele pode se tornar, enquanto o Fate é o seu lado corrupto, sua sombra. Novamente eu ganho Convicção quando sigo tanto um quanto o outro. Eles são definidos pelos arcanos menores do tarô. Vamos sortear de novo e ver o que sai. Minhas cartas são Dez de Pentáculos e Três de Pentáculos, o que me dá um Destiny de Open-Minded e um Fate de Sloppy. Precisei pesquisar o que significa Sloppy porque não sabia. Então Luan é Cabeça Aberta para novas experiências (o que é ótimo para alguém que abandonou tudo que ele conhecia e se lançou no mundo) e Desleixado ou Descuidado. Acho que posso trabalhar com essa combinação.
Próximo é Corruption. Como ainda não fiz nenhum ato que me dê corrupção (ou talvez tenha feito para fugir de Jarzon? Hummm, poderia ser uma backstory interessante) nem peguei nenhuma Sorcery em meus Arcana, eu começo com Corruption zero.
Para terminar essa etapa, eu decido os Objetivos (Goals) de Luan. Eles são mai abertos que outras características dessa parte e é recomendado que eu escolha pelo menos dois, um de curto prazo e um de longo prazo. Isso não tem nenhum efeito mecânico a não ser que eu conecte com um Relacionamento (próximo passo). Acho que para longo prazo penso que Luan busca “Encontrar seu lugar no mundo”. Está bem genérico mesmo e se eu fosse jogar com ele talvez deixaria para ir lapidando esse objetivo conforme a campanha corresse. Para o de curto prazo, deixa eu ver… Acho que vou deixar esse em aberto até resolver os Relacionamentos.
Bom, voltei e decidi que o Objetivo de curto prazo de Luan é conhecer o castelo da Rosa Azul. Algo que eu imagino que aconteceria logo no início da minha campanha imaginária, por isso de curto prazo.

Passo Dez: Relacionamentos. Relacionamentos falam de relacionamentos importantes para o personagem e que o motivam a tomar certas ações para com os alvos de seus relacionamentos. São divididos em Laços (uma frase que define o relacionamento) e a intensidade (uma gradação numérica). Uma vez por sessão um jogador pode usar um relacionamento para ganhar Stunt Points extras em uma ação ligada à outra pessoa do seu relacionamento, além de alguns outros benefícios como usar Stunts especiais (que eu adoro que os nomes deles sejam referências à The Princess Bride). Só não estou achando com quantos relacionamentos eu começo.
Achei!
Eu posso começar com até dois Relacionamentos. Um de nível 2 e um de nível 1.
Para o Relacionamento de nível 2, eu acho que vou criar uma NPC, uma velhinha Roamer que ajudou Luan a fugir de Jarzon e a escondeu em seu carroção. Acho que vou chamá-la de Illana e defino o laço com ela como “Ela salvou a minha vida quando ninguém mais se importava”.
Se eu fosse jogar com esse personagem deixaria para decidir o relacionamento de nível 1 quando chegássemos em Aldis, onde essa campanha imaginária começaria. Acho que vou fazer isso mesmo.

E está pronto. Se eu fosse jogar com Luan gostaria de combinar com meu mestre imaginário para ele não usar sua história em Jarzon como gancho. É algo que está morto para ele e ponto. Mas seria interessante ver Luan conhecendo a interpretação menos restritiva do mito da criação do mundo e tendo de lidar com o que aprendeu a vida inteira como certo e uma visão menos “purista” (como os sacerdotes de Jarzon se denominam) e mais focada no amor e na compreensão. Seria um personagem interessante de jogar com o mestre ou a mestra certos.

________________________________________________________________

Luan
Race:
Human
Background: Jarzon
Class: Adept 1
Calling: Discovering and learning secrets (The Moon).
Destiny: Open-Minded (Ten of Pentacles).
Fate: Sloppy (Three of Pentacles)
Corruption: 0

Abilities:
Accuracy 2, Communication 2, Constitution 2, Dexterity 1, Fighting 2, Intelligence 3, Perception 2, Strength 0 e Willpower 3
Focuses: Perception (Empathy)

Talents:
Observation Novice
Healing Novice
Psychic Novice

Arcana: Psychic Shield, Second Sight, Psychic Contact, Cure, Calm, Illusion, Sleep, Body Control.
Weapon Groups: Staffs and Braling.

Equipment: Staff and Books
Health: 28
Defense: 11
Speed: 11

Goals:
Long: Find My Place in the World
Short: See the Blue Rose Palace

Relationships:
Illana – She saved my life when noone else cared 2


Nenhum comentário: