quarta-feira, 15 de março de 2023

Mil Faces de um RPGista - Shadowrun 2e - @lic3


Jogo: Shadowrun 2a edição.
Autoria: Jordan Weisman, Bob Charrette, Paul Hume, Tom Dowd, L. Ross Babcock III, Sam Lewis e Dave Wylle.
Editora: FASA Corporation, essa edição pelo menos. Aqui no Brasil essa ou a 3a saiu pela Devir Livraria lá nos anos 1990.
Experiência: Joguei e mestrei um tanto nos anos 90.
Livros usados: Só o básico.

Acho que foi em 1995 ou 1996. Eu e um amigo fomos ao RPG Rio, que era na época o maior evento de RPG que tinha aqui no Rio de Janeiro. O evento foi na UERJ. Acho que o último que aconteceu lá. Depois de encarar uma longa fila de espera para se inscrever em uma mesa, o rapaz da organização virou para mim e para um amigo meu com uma voz meio morosa “Olha, já aviso logo que não tem mais nenhuma vaga em mesa de Ad&d e de Vampiro”. Ao que eu respondi: “Ótimo! A gente não quer nenhum dos dois. Nem GURPS também.” Lembro que o cara ficou surpreso e até se animou, começou a passar o olho nas várias páginas com a lista de mesas do evento até que chegou e ofereceu pra gente uma vaga em uma mesa de Call of Cthulhu e uma em uma outra mesa de Shadowrun, jogo que eu nunca tinha ouvido falar. E lá fui eu jogar com uma xamã de rua.
Shadowrun é um jogo de ficção científica e fantasia. Em uma época que os jogos eram uma coisa ou a outra coisa, foi algo inovador. Na história do jogo, em algum ponto do início do século XXI (lembrando que é um jogo originalmente lançado em 1993) a magia retornou ao mundo. Dragões reapareceram voando nos céus, magos e xamãs se viram conseguindo fazer magia e um quarto da população sofre uma estranha “doença” que os transformam em raças até então consideradas fantásticas. O jogo pula para 2053 em um mundo conectado pela matrix (a internet nesse jogo) e é comandado por grandes corporações que manipulam governos e blocos econômicos. Nesse cenário os jogadores são shadowrunners, agentes livres que atuam ora a favor ora contra as corporações, ou no conflito entre elas, fazendo missões por baixo dos panos para agentes que muitas vezes não podem ser ligados a estas.
O jogo hoje está em sua quinta edição, com uma “edição extra” chamada Anarquia que tem uma proposta mais narrativista e menos mecanicista com uma sexta edição prometida desde 2019. Mas como eu ainda tenho esse livro da segunda edição que eu consegui logo depois do evento acima, vai ser essa que eu vou usar. Se um dia eu pegar outras edições, quem sabe não volto aqui.

Passo Um: Alocando Prioridades. Engraçado, eu pensei que essa regra só aparecia na terceira edição. Shadowrun (ao menos nessa edição e na terceira, depois daí não faço ideia) trabalha com uma tabela de prioridades, você define o que é mais importante para seu personagem. Engraçado (não no sentido haha da coisa) é que para ser não-humano ou mago você abre mão de ter outras coisas como prioridade. O livro diz que isso representa o fato de não-humanos são minorias, mas quem já jogou qualquer rpg sabe que humano é a raça mais rara em uma mesa. Vou considerar a regra opcional “More Metahumans” porque certamente eu a usaria em uma mesa que estivesse mestrando. Isso faz com que ser metahumano tenha categoria entre A e C de prioridade.
Tirando a primeira vez que joguei Shadowrun acho que nunca joguei com um mago ou xamã. E também não vai ser dessa vez porque estou coçando para fazer uma Elfa Decker (os hackers desse mundo). Então sei que quero muitos pontos em perícias e muito dinheiro para equipamento. Coloco Perícias como prioridade A, Equipamento como B, Raça como C, Atributos como D e Magia (que eu não quero) como E.

Passo Dois: Raça e Magia. Esses passos são criação minha, no livro tá bem mais bagunçado. Mas vamos lá. A Raça vai ser Elfo e Magia não, obrigado. Pronto, foi fácil.

Passo Três: Atributos. Agora eu tenho 17 pontos para distribuir nos meus atributos… que são quais mesmo? Deixa eu ver aqui na ficha… Body, Quickness, Strength, Charisma, Inteligence, Willpower, Essence, Magic e Reaction. Sendo que esses últimos são atributos especiais que eu não coloco pontos. Então tenho seis atributos para distribuir. O livro traz alguns arquétipos e há exatamente um de Elfo Decker, então vou usá-lo de referência para criar minha personagem.
Vou colocar dois em Strength e Body. Vou colocar três em Quickness, Charisma e Inteligênce. E os úlimos quatro vão para Willpower.
Eu aplico meus modificadores raciais e fico com um total de Body 2, Quickness 3, Strength 2, Charisma 5, Intelligence 3, Willpower 4 e também ganho Low-Light Vision.
Eu também começo com Essence 6 que deve diminuir conforme eu comprar meus implantes cibernéticos. Aqui cabe comentar que esse atributo foi retirado em edições mais recentes de Shadowrun por clamor de jogadores PCD que se sentiam ofendidos por um personagem com uma prótese ser visto como “menos humano” no sistema.
Magic é igual Essence então vamos ver como vai ficar.
Reaction é igual Quickness mais Intelligence divididos por dois. O que dá 3.

Passo Quatro: Perícias. Ok, aqui que vou fazer a festa. Tenho 40 pontos para distribuir. Como é um sistema dos anos 90 a lista de perícia é tediosamente granular. Posso ler a lista ou checar o Arquétipo do Elfo Decker de novo. Advinha o que eu fiz?
Bom, vou pegar todas as Perícias que tem no Arquétipo. Bike, Computer, Computer Theory, Etiquette (Elven), Etiquette (Street) e Firearms. Mas estou achando pouco então vou ver a lista de perícias mesmo.
Quero Eletronics, Cybertechnology, Demolitions, Athletics e Stealth. Inclusive vendo a lista de perícias acho eu vou trocar um ponto de Willpower para Intelligence.
Agora deixa eu ver como vou dividir isso.
Até que essas perícias não são tão granulares quanto eu lembrava. Que bom.
Eu sei que eu quero o máximo de pontos em Computer e Computer Theory. Então já vão cinco em cada. O que me deixa dom 30 pontos para distribuir entre nove perícias. Eu poderia colocar 3 em cada uma? Poderia. Eu quero? Não! Então talvez seja melhor decidir se eu quero mesmo todas as perícias que separei.
Apesar da ideia da minha Elfa Decker ser capaz de fazer as coisas fazerem BUM é muito legal, vou abrir mão de Demolitions. Eletronics e Cybertechnology eu só quero o suficiente para ela ser capaz de consertar o próprio equipamento, então acho que uns 3 pontos em cada tá bom.
Bom, ficou assim: Athletics 4, Bike 4, Computer 5, Computer Theory 5, Cybertechnology 3, Eletronics 3, Etiquette (Elven) 4, Etiquette (Street) 4, Firearms 4, Stealth 4
Beleza!

Passo Cinco: Equipamento. Normalmente eu pularia essa parte, mas é algo tão intrínseco da personalidade de um personagem cyberpunk o seu equipamento. Ainda mais em Shadowrun que eles fizeram todo um trabalho para criar as empresas ou relacionar com empresas reais. Mesmo que seja engraçado ver que algumas empresas que eram muito promissoras em 1993 e aparecem aqui como líderes de mercado faliram ao longo dos anos e nem existem mais rs
Eu tenho 450 mil nuyens para gastar. O que é dinheiro a beça, mas vai esgotar rapidinho, vocês vão ver.
Primeiro eu quero um Datajack, uma entrada que fica na base do meu crânio e me permite conectar com computadores e com a matrix. 1000 pratas.
Também quero Memória interna. Pelo menos 30 Megapulsos (a medida de dados usada aqui), o que me custa 3000.
Preciso de um cyberdeck. Estou entre o Fuchi Cyber-4 e o Fuchi Cyber-6. A diferença de preço de um para o outro é 200 mil. Sim é caro! Mas não acho que vale a pena pegar o mais caro porque os números não são tão maiores e vou precisar de muito dinheiro para comprar os programas. São 121.400 a menos.
O que me deixa com 324.600 nuyens.
Vou comprar logo os programas. Deixa eu ver o preço aqui.
Não lembrava que isso era tão complexo. Pior que, nesse caso a complexidade faz sentido. O jogo tem toda uma proposta de trazer uma sensação realista do Decker carregando e utilizando os programas certos e sendo traído por escolhas erradas em momentos errados.
Vou poupar vocês da matemática da coisa, mas só informo que muitas multiplicações e quadrados foram usados.
Os primeiros programas que preciso comprar são os de Persona. Eles são meio que meus atributos no mundo virtual. Vou pegar Bod 5, Evasion 4, Masking 3 e Sensors 3, o que vai me custar 65.100 nuyens e ocupam 159 Mps.
Agora pego meus Utilities Programs, que são equivalentes as minhas perícias e me dão algumas habilidades especiais na matrix. Escolho Attack 4 (32Mps), Browse 4 (4Mps), Deception 4 (32 Mps), Decrypt 4 (32 Mps), Mirrors 3 (27 Mps), Shield 3 (18 Mps) e Smoke 3 (18 Mps). Isso vai me custar 26.300.
O que me deixa com 233.400. Decido pagar a diferença para melhorar o meu cyberdeck que é de 213.100. Pego uma moto Yamaha Rapier por 10000 e uma pistola Ares Viper Silvergun por 600. O que me deixa com uma sobra de 9.700 nuyens. Acho que já é o suficiente.

Passo Seis: Completando o Personagem. O livro tem as famosas “vinte perguntas” para ajudar a criar o conceito do seu personagem. Li por alto só para pegar alguma inspiração.
Minha personagem (preciso arrumar um nome élfico para ela) é de classe média alta ou classe alta. Imagino ela como filha de algum figurão corporativo que em um processo de rebeldia começou a andar com as pessoas “erradas” e se tornou uma shadowrunner dessa forma.
Possivelmente ela terá duas identidades. Acho que vou anotar aqui apenas o nome shadowrunner dela. @Lic3 em referência a Alice no País das Maravilhas. Ela caiu na toca do coelho, descobriu a escuridão ali dentro… e gostou. Curti o conceito!
Já ia me esquecendo. Preciso escolher dois contatos. Acho que vou pegar um contato corporativo, um amigo de família que não sabe das atividades “obscuras” dela e o segundo contato com um fixer, alguém que fornece os equipamentos que @lic3 precisa.

Prontinho. Fiquei até com vontade de ver como o sistema está hoje em sua quinta ou sexta edição.

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@Lic3
Raça: Elfa
Atributos:
Body 2
Quickness 3
Strength 2
Charisma 5
Intelligence 4
Willpower 3
Essence 5.8
Magic 5
Reaction 3

Skills:
Athletics 4
Bike 4
Computer 5
Computer Theory 5
Cybertechnology 3
Eletronics 3
Etiquette (Elven) 4
Etiquette (Street) 4
Firearms 4
Stealth 4

Initiative: 3
Dice Pools:
Combat 7
Hacking 9

Cyberware:
Datajack
Headware Memory (30 Mps)

Contacts:
Corporative
Fixer

Gear:
Fuchi Cyber-6

Programs
Persona: Bod 5, Evasion 4, Masking 3 e Sensors 3
Attack 4 (32Mps), Browse 4 (4Mps), Deception 4 (32 Mps), Decrypt 4 (32 Mps), Mirrors 3 (27 Mps), Shield 3 (18 Mps) e Smoke 3 (18 Mps).

Yamaha Rapier

Ares Viper Silvergun

Starting Cash: 9.700

Notes: Low-Light Vision.

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