quarta-feira, 15 de janeiro de 2025
Mil Faces de um RPGista - Parselings - Sam "Doc" Muprhy
Jogo: Parselings – Words Are What Define Me – A Deck Building Table Top RPG
Autoria: Leo Cheung
Editora: Smunchy Games
Experiência: Nenhuma. Apenas li o livro. Não sei como esse jogo funcionaria em mesa, mas tenho curiosidade em ver.
Livros usados: Só o básico mesmo.
Esse vai ser um longo post, já deixo o aviso. Eu peguei esse jogo em um bundle uns dois anos atrás e estava bem curioso por conta de uma mecânica que aparece até no título do livro. Ele é um deck building, para quem não conhece o termo do mundo dos jogos de tabuleiro modernos é um tipo de jogo onde você vai montando um baralho conforme vai se jogando. Aqui, no caso a montagem do baralho é feita na criação de personagem e as suas ações são regidas não por dados ou cartas normais, mas pela forma como você administra o seu próprio baralho. Ainda não sei bem como isso funcionaria em mesa, principalmente se o sistema seria fluído ou travado. Achei um gameplay aqui e depois vou ver.
E quanto à ambientação? Bom o jogo se passa em Nominal City, que era uma cidade qualquer antes de receber esse nome. Aliás, nomes são muito importantes nesse jogo. Anos atrás (acho que são quinze, mas preciso confirmar) aconteceu um evento mundial e Nominal City foi o epicentro. O aparecimento de um vírus mágico interdimensional (pois é, vocês não leram errado) que ao infectar as pessoas se manifesta na pele de uma forma similar a uma tatuagem de palavras. Essas palavras conferem poderes ao infectado que eu vou falar melhor mais pra frente.
Há o risco de um parse (as pessoas infectadas pelo parsecyte) serem dominadas por uma das palavras, apagando toda identidade para além dela e se tornando uma criatura perigosa.
O jogo gira muito em torno da metáfora dos rótulos que recebemos da sociedade ao nosso redor e de como encaramos os rótulos que compõem a nossa identidade. É um jogo que fala muito da comunidade LGBTQIAPN+, claro, e sua busca de ser quem se é.
Em suma, é um jogo cuja proposta eu acho bem interessante, mas precisaria de um grupo certo para jogá-lo.
Após essa introdução enorme, vamos fazer um parse.
Passo Um: Detalhes. Mas poderia ser conceito, só que de forma estruturada. Antes de começar a preencher a ficha, vamos pensar um pouco sobre ele. O jogo não tem um papel específico para os jogadores. Algo como “aventureiros” ou coisa parecida. Há muitos cenários possíveis propostos no capítulo do mestre, mas eu particularmente gostei do estilo “slice of life” que é apresentado nos contos que entremeiam o livro. Ou seja, pessoas normais em situações normais que ganham uma dimensão extraordinária. Sei que esse é tipo mais difícil de colocar na mesa e conseguir um grupo empenhado em jogar, mas como esse personagem é para mim (e para os poucos que me leem) vou me dar o prazer de fazer como eu quero.
Imagino meu personagem como alguém que tinha a vida toda definida antes do Evento. Ele estava chegando aos 30, terminando a residência de medicina (ainda não pensei em uma especialidade, talvez cirurgia que é uma carreira que tem algum prestígio), noivo de sua namorada de colégio, vindo de família abastada (não sei se rica, talvez), mas internamente sentia que algo não encaixava. Ele não falava disso com ninguém, apenas seguia sua vida o mais normal que podia.
Então veio o evento e uma das tatuagens apareceu no seu rosto. Não havia como esconder. Amigos se afastaram com medo de pegar, apesar das autoridades dizerem que não era pelo contato direto que se pegava o vírus (não lembro se o livro especifica como isso acontece), a noiva o largou quando ele deixou de ser “perfeito”.
Acho que até sua família meio que o renegou. Ele acabou senso acolhido entre aqueles que foram afligidos, muitos deles da comunidade LGBTQIAPN+, que o ajudaram a se descobrir como não-binárie. Seu nome é Sam Murphy. Sam que pode ser Samuel ou Samantha, mas as pessoas da comunidade paresecyte costumam chamá-lo de “Doc” por sua atuação na clínica comunitária.
Elu tem uma aparência masculina, de ascendência irlandesa, com cabelos e uma barba rala ruiva.
O livro fala para eu definir os princípios do meu personagem, uma espécie de guia para a personalidade delu, mas não dá nenhum parâmetro para isso e parece não haver nenhuma importância mecânica nisso. Vou deixar com algo como “Acolher e cuidar”.
Também teria de escolher alguns Goals de curto e longo prazo para ganhar Script (o xp desse jogo), mas não tenho nenhuma ideia no momento. Vamos ver se surge algo mais a frente.
Passo Dois: Palavras. Agora eu escolho quais palavras o parsecte tatuou no corpo de Sam. Há duas formas de fazer isso, uma é em grupo, a outra que eu vou usar é chamada de Ad Lib. Na verdade essa também é em grupo, mas parece mais fácil de fazer sozinho. Eu receberia de cada jogador na mesa, incluindo o GM, 1 Aspect e 2 Augments até um total de seis e doze respectivamente, daí eu sorteio pra ficar com um e três deles inicialmente. Deixa eu ver qual a diferença entre ambos pra escolher aqui.
Então, Aspects representam características principais do seu personagem e sempre são substantivos. Já Augments podem ser substantivos, verbos, adjetivos ou advérbios que são usados para descrever seu personagem. Um dos fatores que torna fazer seu personagem em grupo interessante é que os outros jogadores vão te dar palavras que representam como os personagens deles veem seu personagem.
Sei que eu quero algo que represente a vida que ele vivia antes. Algo covardia, medo, máscara, ilusão… Pensando melhor se eu for explicar cada palavra esse post vai ficar ainda mais gigantesco do que já está prometendo ficar. Vou só colocar as listas e pronto:
Aspects: Medo, Vermelho, Líder, Arrependimento, Doutor, Luz
Augments: Farol, Amável, Calado, Gentil, Cura, Firme, Parceiro, Distante, Fechado, Ocultar, Só (ou sozinho, não consegui me decidir), Encruzilhada.
Agora que tenho as palavras (e foi difícil fazer isso sozinho), rolo 1d6 e 3d12 pra ver com quais Doc começa. Tiro Doutor, Gentil, Cura e Só. Se eu fosse jogar com esse personagem eu poderia ir acrescentando uma palavra a lista por sessão até ficar com 10 e 20, respectivamente. A tatuagem que elu tem no rosto é Doutor e, por isso, todo mundo chama de “Doc”.
Ah! Esqueci de explicar, mas as palavras servem para fazer “parse” que é a magia desse jogo. Vários parselings podem combinar suas palavras para criar um efeito. Em uma história no livro, duas pessoas combinam as palavras Consertar (fix) e Memória (memory) para dar a uma senhora em fase terminal de alzheimer a capacidade de viver suas últimas horas com seus filhos e netos com alguma dignidade.
Mas preciso rever como isso funciona na mesa.
Passo Três: Imagens. Imagens demonstra como seu personagem se mostra no mundo. Cada Imagem é dividida em dois… não tem um nome no livro, mas vou chamar de atributos porque é o que eles são. A montagem é em um sistema de priorização, estilo World of Darknes, mas com menos pontos e apenas dois atributos por grupo. Acho que Doc tem como primário Intent (Intelligence, Insight), como secundário Conduct (Charm, Cunnig), com Push (Potential, Perseverance) e Feats (Force, Finesse) por último.
Agora eu distribuo 3, 2, 1 e 1 em cada Image, sendo que cada… atributo já começa com um. No final ficou assim:
Intent (Intelligence 3, Insight 2)
Feats (Force 1, Finesse 2)
Conduct (Charm 3, Cunnig 1)
Push (Potential 1, Perseverance 2)
Passo Quatro: Aptitudes. Assim, eu sou super a favor de novos nomes e termos em RPGs, mas se é pra dar um novo nome, torne algo novo. As Aptitudes são, como o próprio livro descreve, os Talentos e Perícias do seu personagem. Então por que raios não chamar de Talentos ou Perícias, cacilda!?
De qualquer forma cada grupo de Aptitudes está ligada a uma Image e temos um sistema de priorização de novo, sendo que a distribuição é 7, 5 e 3 e você já começa com um ponto em cada uma. Push não tem Aptitudes ligadas a ela.
Acho que vou manter a ordem anterior com Intent, Conduct e Feats. Não, pensando melhor, vou inverter Conduct e Intent. Após distribuir os pontos fica assim:
Intent (Crafting 1, Medicine 4, Memory 1, Perception 2, Research 2, Technology 1)
Feats (Athletics 3, Larceny 1, Melee 1, Ranged 1, Riding 1, Stealth 2)
Conduct (Acting 2, Animals 1, Empathy 4, Etiquete 3, Manipulation 2, Rumors 1)
Passo Cinco: Estatísticas Derivadas.
Health é Perseverance+Force = 3 (acho que não sou muito resistente)
Potential (Resource) e 1. Não lembro pra que isso serve.
Defence é Perseverence+Insight+Finesse/2, arredondado pra baixo que dá...6
Initiative é Potential+Insight+Finesse = 5
Speed é Force+Finesse = 3
Carry é [(Potential+Force)x2] +Perseverance que fazendo os cálculos aqui é igual à… 6.
Deck Size a soma total da sua Image que é 15 para todo personagem inciante.
Não sei se realmente todos esses valores são necessários.
Passo Seis: Características de Parse. Se não me engano esses são os valores que me permitem fazer Parse, a magia desse jogo. Não sei, mas acho que o sistema poderia ser simplificado basicamente a isso, mas é só minha opinião.
Articulation é 1 no início. Isso diz quantas palavras posso usar no meu Parse.
Coherency é 7, se chegar a zero o vírus domina meu personagem e eu corro o risco de virar um monstro que é definido por uma única palavra.
Syllable representa minha capacidade de usar meus poderes Parse. É a soma de Insight, Cunning e Articulation. No meu caso 4!
E, por fim eu anoto as minhas Parse Aptitudes. Que são minhas perícias (olha essa palavra aí de novo) pra usar meus Parse.
Emission (Intelligence+Insigh = 5) é a habilidade pra criar ideias e conceitos do nada.
Embodiment (Finesse+Force = 3) me permite manipular o meu corpo e daqueles participando de um Parse.
Enchantment (Cunning+Charm = 4) é a habilidade de manipular objetos e pessoas que não estão participando do Parse.
Você também notou que cada um deles é apenas a soma dos atributos de uma Image? Então pra que tantos termos para a mesma coisa? Não sei, vamos em frente.
Passo Sete: Finalizando. Só que não já que ainda vai faltar montar o deck depois, mas agora tem mais três coisas pra anotar aqui, Tricks, Challenges e Script, mas eu não lembro o que cada uma dessas coisas é e pra que serve. Vou ler aqui e já volto.
Ok, Tricks são basicamente habilidades especiais ou vantagens que eu tanho. Eu começo com sete pontos para comprá-los. Dou uma olhada rápida nos Tricks e alguns me chamam logo a atenção: Holistic Treatment por três pontos me permite combinar minha habilidade de Medicine e a Empathy de outra pessoa para curar melhor e Inspirantio por um ponto faz com que todos os meus companheiros de equipe tenham um sucesso extra toda vez que me virem ter um sucesso crítico. Sobraram três pontos e eu jurava que tinha visto ontem um Trick de Charm que tinha me interessado, mas agora não estou achando...Não estou achando agora. Vou então pegar Vitality (2 pontos) para aumentar minha Health para 4 e Trustworthy (1 ponto) que me permite revelar uma carta a mais quando faço um teste de Etiquette em alguém pela primeira vez.
Challenge é uma desvantagem que eu posso pegar para ganhar mais pontos de Tricks. Dou uma olhada nos exemplos e acho que vou pegar um Challenge Social com Disconnected. Sam foi expulso de sua antiga vida e tem um constante sentimento de não-pertencimento em meio as pessoas que o acolheram. Isso significa que toda vez que eu pegar um Coringa ou alguém do meu passado vai aparecer ou vai acontecer alguma coisa que vai me lembrar desse não-pertencimento.
Com os dois pontos extras eu decido tirar o Vitality e comprar Alluring Aura por quatro pontos que me dá a habilidade de dobrar os sucessos de alguém quando eu o acalmar.
Por fim, Scripts são os pontos de experiência desse jogo.
Parte Oito: Monte o seu Baralho. Eu não disse que não tinha acabado?
Precisei dar uma relida em como o sistema funciona pra saber como eu monto esse baralho. Bom, meu baralho inicial tem um número de cartas igual ao meu número de pontos total em Images, ou seja 15 para um personagem inicial, mais um Coringa pelo Challenge que eu peguei. Os naipes das cartas são baseados em cada Image e os valores indicam quão elaborada é a minha ação (o que não faz muito sentido, sinceramente), mas o livro indica pra pegar números baixos inicialmente.
Como o sistema funciona? Quando eu tenho de fazer um teste, o mestre vai determinar um número de sucessos necessários, uma image e uma aptitude. O jogador saca um número de cartas do seu baralho igual a soma desses dois últimos valores, mas também pode decidir sacar menos cartas para um mínimo de dois. Porque ele faria isso? Boa pergunta. O número de cartas que você declara que vai sacar é o seu Draw e cada carta do naipe certo cujo valor seja abaixo do Draw vale 2 sucessos e cada carta acima vale apenas 1. Cartas de outros naipes não valem nada, exceto ouros que tem um efeito especial que não vale a pena explicar aqui porque envolve uma série de outras regrinhas do jogo.
Então eu tenho cinco cartas de espadas (Intent), quatro de copas (Conduct), e três tanto de paus quanto de ouros (Feats e Push, respectivamente). Eu vou fazer o mais básico e pegar de as ás cinco de espadas, ás a quatro de copas, ás a três de ouros e ás a três de paus. O que torna meu personagem um cara um tanto simplório, talvez? Mas pelo jeito ele consegue fazer o trabalho.
Eu realmente preciso ver um gameplay desse jogo pra entender como isso funciona em mesa. Eu encontrei um e se conseguir ver e entender venho aqui e complemento esse post.
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Sam “Doc” Murphy
Images:
Intent (Intelligence 3, Insight 2)
Feats (Force 1, Finesse 2)
Conduct (Charm 3, Cunnig 1)
Push (Potential 1, Perseverance 2)
Aptitudes:
Intent (Crafting 1, Medicine 4, Memory 1, Perception 2, Research 2, Technology 1)
Feats (Athletics 3, Larceny 1, Melee 1, Ranged 1, Riding 1, Stealth 2)
Conduct (Acting 2, Animals 1, Empathy 4, Etiquete 3, Manipulation 2, Rumors 1)
Articulation 1
Coherency 7
Syllable 4
Parse Aptitudes.
Emission 5
Embodiment 3
Enchantment 4
Tricks: Alluring Aura (4), Holistic Treatment (3), Inspirantion (1), Trustworthy (1)
Deck (16)
Spades: Ace, Two, Three, Four, Five
Hearts: Ace, Two, Three, Four
Staves: Ace, Two, Three
Diamonds: Ace, Two, Three
Joker (Social – Past Unresolved)
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