Jogo:
Sins
of the Father
Autoria:
Eloy Lasanta
Editora:
Third Eye Games
Experiência:
Só li. Como usa cartas, não vejo colocando na mesa enquanto
estivermos de quarentena.
Livros
usados:
Só o básico, apesar de existir um “companion”.
“Parabéns
pelo seu aniversário, filho! Dezoito anos é uma idade muito
importante. Você é oficialmente um homem. Já está com idade o
bastante para saber umas coisas importantes. Como o fato de que nós
vendemos a sua alma para um Lorde das Trevas quando você era apenas
um bebê. Esse tipo de coisa. Não faça uma cena. Você nem estava
usando. E meu pai fez isso comigo. E o pai dele com o seu avô. É
meio que uma tradição familiar, sabe?”
Acreditem ou não, o texto acima é um
resumo da introdução desse rpg.
Em Sins of the Father você joga com
um Hellborn. Seus pais, ou seus avós, ou seu tatatatataravô fez um
acordo com um Lorde das Trevas (entendendo de forma bem ampla, pode
ser um Lorde, uma Lady, um Ser não-binário, um demônio, um
vampiro, alguma coisa que existe para além do limite da realidade,
etc) e, graças a isso, sua família possui riqueza, poder,
conhecimento ou o que quer que tenha sido dado em troca das almas de
toda a sua linhagem.
O tom do jogo pode ser de terror
pesado até uma comédia terrir. Se eu mestrar isso um dia
possivelmente farei algo entre esses extremos.
Agora chegou a hora de você entrar no
jogo! Literalmente!
O sistema usa cartas no lugar de
dados, mas diferente de Castle Falkenstein que faz a mesma coisa,
aqui você não tem uma “mão”. Cada jogador tem um baralho comum
e, ao fazer certas ações você compra um número de cartas
dependendo das suas habilidades. O Mestre das Almas (o GM desse jogo)
tem dois baralhos, decide qual a dificuldade e compra um número de
cartas equivalente de quaisquer desses baralhos. Se ao menos uma das
suas cartas bater todas as cartas do Mestre, você tem sucesso.
Senão, você fracassa e toda um dano na sua habilidade.
Segundo o autor, apesar das cartas
serem aleatórias, o jogador pode ter uma ideia de quais cartas já
saíram e quais ainda estão em seu baralho, dando a ele uma sensação
de falso controle sobre seu próprio destino, o que condiz bem com a
temática do jogo. Só que, em algum momento o jogador terá de
reembaralhar as cartas e nessa hora a sua dívida com o Lorde das
Trevas aumenta.
Se eu mestrar esse jogo um dia (e eu
não vejo como fazer isso enquanto ainda estivermos em quarentena)
pretendo fazer com um grupo de jogadores reduzido e todos eles sendo
irmãos, servos do mesmo Lorde das Trevas. É baseado nessa ideia que
vou criar meu personagem.
Mas, a construção de personagem
nesse sistema é semi-aleatória e envolve ir tirando cartas ao longo
do processo. Você só pode reembaralhar as cartas ao final do
processo, quando o jogo começar. Então vou deixar o conceito mais
detalhado do personagem para depois.
Passo
Um: Pecado Primário.
Cada Hellborn possui um pecado primário que pode ser o mesmo que
originou o pacto familiar ou outro. Para a ideia de personagem que
tenho eu gostaria de Orgulho (Pride), mas vamos sortear duas cartas e
ver o que sai:
Rainha
de Ouros – Pride
Coringa
– Escolha do Jogador
Que
desperdício de um “escolha do jogador”. Mas consegui o que eu
queria, Pride. Isso me dá a dom Posição que garante um bônus
quando eu uso o meu status.
Antes
de terminar esse passo, um detalhe interessante: Se eu não gostar de
nenhuma das opções sorteadas eu posso dar um “foda-se” e pegar
Preguiça. Achei bem temático.
Passo
Dois: Características e Conexões.
Agora eu sorteio quatro cartas e elas me dão características de
personalidade para meus personagens. Eu sorteio:
Oito
de Espadas – Calculating/ Calculista
Dois
de Espadas – Secretive/ Algo como Dissimulado ou Reservado, Alguém
que sempre tem um segredo.
Sete
de Espadas – Uncaring/ Insensível
Dez
de Ouros – Domineering/ Dominador
Eu
com certeza quero o Dominador e
estou na dúvida entre Calculista e Insensível. Fico com o primeiro.
Conexões
são os “atributos” desse jogo. São o que conecta o meu
personagem às forças das trevas. Existem quatro: Caos, Escuridão,
Influência e Paixões. Como escolhi uma carta de Ouros e uma de
Espadas isso me dá um +1 em Escuridão e em Influência.
Passo
Três: Relacionamentos.
Nem mesmo um Hellborn não é uma ilha.O
próximo passo é construir quatro relacionamentos para o personagem.
Dois para com personagens de outros jogadores (o que estiver sentado
a sua esquerda e o que estiver sentado a sua direita) e dois com
NPCs. Isso ajuda a situar o personagem no mundo.
O
problema é que, como vocês verão, os relacionamentos dos Hellborn
não são lá muito saudáveis.
Como
estou considerando construir uma família de três irmãos para fazer
um oneshot desse jogo, vou considerar para os propósitos desse
projeto que o jogador a minha esquerda é o irmão ou irmã do meio e
o da direita é o irmão ou irmã menor. Esse personagem que estou
fazendo agora é o irmão mais velho. Pelo certo cada jogador tiraria
uma carta e decidiriam qual delas melhor que se aplica ao
relacionamento deles. Como estou fazendo isso sozinho, vou sortear
duas cartas e escolher uma.
Para
o jogador a minha esquerda (irmão ou irmã do meio):
Cinco
de Paus – Rivais Hostis
Nove
de Copas – Inimigos Íntimos
Acho
que Rivais Hostis é a melhor opção. Imagino os dois disputando
quem é o melhor servo do Lorde das Trevas e quem melhor segue o
pacto familiar. Espero que esse personagem tenha Inveja ou Ira como
pecado principal.
Para
o jogador da minha direita (irmão ou irmã menor):
Valete
de Paus – Soulmates Hostis
Rainha
de Espadas – Amantes Tortuosos
EITA!
Penso por menos de um instante se eu quero entrar na seara de uma
relação incestuosa e decido que não, nem um pouco. Viro para meu
Soul Master imaginário e pergunto se posso sacar uma nova carta. Ele
sorri para mim de forma diabólica. Eu mando ele se foder e puxo uma
carta assim mesmo. Ás de Ouros. O Jogador decide, mas é um
relacionamento controlador. Menos mal. Olho a tabela de opções e
escolho “aprendiz”. Digamos que Bruce tenta colocar algum bom
senso e responsabilidade na cabeça de seu irmãozinho ou irmãzinha.
Acho que seria um ótimo personagem para ter Preguiça como Pecado
Principal.
Agora
tiro mais quatro cartas. Duas para cada relacionamento com um npc.
Sete
de Paus – Familiar Distante Hostil
Seis
de Paus – Ex Hostil
---------------
Oito
de Copas – Familiar Íntimo
Rei
de Espadas – Mentor ou Aprendiz Tortuoso
Para
o primeiro, pensei em um primo distante que me odeia. Talvez ele
queria a minha posição dentro dos negócios da família e tente o
tempo todo me ferrar e, consequentemente, meus irmãos também.
Poderia ser engraçada uma aventura onde tivessem que trabalhar
juntos sob ordens do Lorde das Trevas. Vou chamá-lo de Paul Gregor.
Para
o segundo relacionamento. Taí... a irmã de Paul, Lena, e Bruce
sempre tiveram uma relação de amor platônico desde a infância.
Talvez ela seja a única mulher com quem ele baixou a guarda. Não
que ele vá admitir isso um dia. Talvez eles troquem mensagens
secretas até hoje. Acho que nunca rolou nada mais sério entre eles.
Ambos tem medo de estragar tudo.
Passo
Quatro: Perícias.
Eu agora escolho minhas perícias. Existem dez no jogo e variam de
nível 1 a 3. Eu escolho uma delas para ser de nível três. O foco
do meu personagem. No caso de Bruce, Convice. Ele é bom em convencer
os outros a fazerem o que ele quer.
Depois eu escolho duas perícias para
ganharem nível dois. Know, para representar o conhecimento de Bruce,
e Resist, para representar seu auto-controle.
Todas outras perícias começam no
nível um.
É interessante notar que o dano nesse
jogo é feito nas perícias, reduzindo a efetividade das mesmas.
Passo
Cinco: Debto e Dons.
Debto é uma característica que representa quão preso meu
personagem está ao Lorde das Trevas. Uma das formas de “resolver”
esse jogo é zerar seu debto fazendo favores, mas claro que o chefão
não vai deixar você sair assim tão fácil.
Debto começa em 2. Eu posso aumentar
ele até 5 para aumentar Perícias, Conexões ou pegar Dons. Eu já
começo com o Dom da Posição pelo meu Pecado ser Orgulho. Após dar
uma olhada na lista de Dons eu escolho Knowing Better que me permite
ter acesso a informações que eu não teria de outra forma, e
informação é poder.
Isso
aumenta o meu Debto em +2 (eita!), como essa habilidade usa Occult eu
vou pegar mais um de Debto (chegando ao máximo de 5) para aumentar
essa perícia para 2. Eu poderia voltar, reduzir Know ou Resist para
aumentar Occult para 3, mas acho que as três perícias fazem sentido
para Bruce.
Passo
Seis. Quem é o Lorde das Trevas? Por
fim, vamos definir quem é o Lorde ou Lady das Trevas a quem a
família Gregor tem servido por gerações. Eu poderia apenas pegar
um dos exemplos que o livro oferece, mas vou fazer um eu mesmo para
os propósitos desse projeto. Esse processo tem seus próprios passos
e cada um deles envolve comprar cartas.
Primeiro,
cada jogador compra uma carta de seus baralhos e compara com a tabela
de Características que foi usada anteriormente para definir a
personalidade dos seus personagens. Se forem menos de quatro
jogadores (como é a proposta aqui) o Mestre da Alma compra cartas de
seus baralhos até terem quatro cartas. Vamos lá:
Dez
de Espadas – Power-Hungry (Faminto por Poder)
Coringa
Preto – Deve ser reembaralhado e uma nova carta comprada.
Valete
de Espadas – Sistemático.
Cinco
de Paus – Tactless (Sem tato)
Az
de Ouros – Pontual.
Para
a ideia que eu tenho acho que Sistemático e Faminto por Poder são
os que melhor se encaixam. Confesso que fiquei frustrado com o
Coringa não ter nenhum significado especial nesse passo.
Depois
eu preciso ver como o Lorde das Trevas se comunica com seus servos.
As opções sorteadas foram:
Cinco
de Copas – Demonstração elemental
Dois
de Copas – Observe os Sinais
Eu
vou escolher o primeiro, mas vou trapacear um pouquinho aqui (ei, é
um jogo sobre Lordes das Trevas, é isso que eles fazem) e combinar
os dois. Ele usa sussurros no vento, coisas que queimam de forma
peculiar, desenhos na areia, algumas dessas coisas parecem
coincidências, outras são BEEEM óbvias.
A
seguir, o que o Lorde das Trevas pede?
Dois
de Paus – Aparentemente lixo inútil
Valete
de Copas – Mortes humanas (geral)
Vou
ficar com Mortes Humanas em geral (significa que ele não se importa
com quem é morto, desde que seja em seu nome), mas não
necessariamente faz dos Hellborns assassinos. Como eu disse, tenho
uma ideia aqui e até agora as coisas estão se encaixando.
Por
fim, é preciso ver qual é o objetivo final do Lorde das Trevas. O
que ele quer REALMENTE alcançar com os serviços que ele demanda?
Compro duas cartas e...
Três
de Copas – Ser Libertado
Seis
de Ouros – Conquista de um Lugar
Novamente
acho que vou trapacear um pouquinho aqui. O objetivo final Ciarbani
(o nome do Lorde das Trevas) é ser libertado de sua prisão, para
isso ele vem influenciado toda a região ao redor espalhando sua
influência. Quando ele conseguir se livrar de seus grilhões (e quem
o aprisionou pode ser um gancho para uma campanha) já terá almas
para começar a se expandir.
Então,
vamos ao conceito e a história desse personagem: Durante a corrida
do ouro na Califórnia nos meados do século XIX, Ethan Gregor e seu
sócio acharam um veio de ouro, mas um deslizamento aprisionou os
dois na caverna. Ethan matou seu parceiro para sobreviver (ou assim
ele se justificou e a seus descendentes) e foi quando um vento
misterioso o chamou e ofereceu um acordo. A coisa no fundo da caverna
o libertaria, em troca ele e seus descendentes fariam tudo em seu
poder para libertar a coisa na caverna, que se chama Ciarbani. Ethan
aceitou o trato, desde então a família Gregor conseguiu riquezas e
influência na região do sul da Califórnia. Alternando da mineração
de ouro para o controle de terras, daí para especulação
imobiliária, a família nunca foi uma protagonista no cenário
político ou criminoso da região, mas todos sabem onde conseguir um
favor quando precisam.
Bruce
é o filho mais velho da última geração da linhagem direta de
Ethan Gregor. Como seu pai e seu avô ele é um advogado de renome
com uma taxa de sucesso de cem por cento na defesa de seus clientes,
os quais incluem empresários e políticos corruptos, assassinos,
traficantes, etc. Parte do preço cobrado pela família pelos seus
serviços é uma pequena oferenda a Ciarbani. Muitos daqueles que
foram defendidos pelos Gregor ao longo dos anos (e por Bruce em
particular) aprenderam a não questionar essas “idiossincrasias”,
ainda mais com os inegáveis resultados.
Recentemente
Bruce foi encarregado de colocar seus irmãos nos negócios da
família. Ele torceu a cara, mas sabe que não deve questionar as
ordens. Basta que os pirralhos não fiquem em seu caminho e façam
tudo o que ele mandar e tudo dará certo. Como sempre.
E
é isso. Fico imaginando uma aventura em que os irmãos Gregor tenham
de proteger um criminoso idiota que os jogadores (e talvez até os
personagens) tenham verdadeiramente vontade de matar.
A
seguir… não sei. Talvez GURPS Supers, talvez Savage Worlds...
____________________________________________---
Nome:
Bruce Gregor
Pecado
Primário:
Orgulho
Idade:
26
Características:
Dominador e Calculista.
Debto:
5
Caos
(Paus):
0
Escuridão
(Espadas):
+1
Influência
(Ouros):
+1
Paixão
(Copas):
0
Perícias´:
Construir 1
Convencer 3
Esforçar-se 1
Lutar 1
Saber 2
Perceber 1
Ocultismo 2
Resistir 2
Furtividade 1
Sobreviver 1
Dons:
Status
Sabendo
Melhor
Relacionamentos:
Irmão do Meio – Rival Hostil
Mal chegou no serviço e já quer
sentar na janelinha?
Irmão Menor – Aprendiz Controlado.
Vou tentar botar um pouco de senso na
cabeça desse moleque.
Paul Gregor – Familiar Distante
Hostil
Ele ainda acha que pode disputar
comigo?
Lena Gregor – Familiar íntimo
Ela é a única com quem já me abri
inteiramente e por isso talvez seja a pessoa mais perigosa do mundo
para mim.
Lorde
das Trevas: Ciarbani
Sistemático e Faminto por Poder
Comunicação:
Demonstração Elemental.
Sacrifícios:
Vidas Humanas.
Objetivos:
Ser Libertado.