quarta-feira, 3 de maio de 2023

Mil Faces de um RPGista - Spycraft d20 - Nathalie Murdock


Jogo: Spycraft – d20 System Espionage Roleplaying Game
Sistema: d20 System.
Autoria: Patrick Kapera & Kevin Wilson.
Editora: Alderac Entertainment Group
Experiência: Tentei montar uma mesa nos anos 2000, mas não consegui. Não sei se mestraria hoje.
Livros usados: Só o básico.

Spycraft foi um dos muitos jogos que surgiram nos anos 2000 pegando carona na onda criada pela abertura do D&D 3e na forma do d20 system. Se não me engano foi lançado pouco antes do d20 Modern (que é uma droga, btw) e foca em jogos de espionagem em um mundo moderno.
Vamos montar uma agente.

Passo Zero: Conceito. Quando comprei esse livro uns vinte anos atrás, uma proposta que eu imaginei foi usá-lo para fazer missões no estilo Esquadrão Classe A. Lembro de ter visto em algum lugar um dos autores admitindo que havia se baseado nessa série dos anos 80 para desenvolver pelo menos três das classes do jogo. Então eu quero me basear no meu personagem favorito do show, Murdock (acho que nunca revelaram o nome dele, só o sobrenome o apelido, Cachorro Louco).
Nathalie Murdock entrou para as forças armadas aos 18 anos com a ideia de servir o seu país e levar democracia a todos os cantos do mundo, assim como seu pai e seu avô. Ela serviu no Afeganistão, usando todo o conhecimento de mecânica que adquiriu ao longo da vida para consertar veículos militares e descobrir bombas que os terroristas deixavam para atingir os soldados americanos. Mas nem tudo foram flores. Ela viu soldados americanos invadirem casas, roubarem afegãos, saquearem mesquitas e jogar a culpa em grupos extremistas. Dois dias depois de fazer uma denúncia ela foi presa, acusada dos crimes que ela mesma denunciou. Agora a Agência (seja lá qual for no cenário da minha campanha fictícia) a tirou da prisão porque precisam de alguém com sua expertise e a coragem (ou loucura) para pilotar como ninguém mais seria capaz. Ela só quer uma chance para ir atrás daqueles que a ferraram e essa é tão boa quanto qualquer outra.
Beleza, já tenho o conceito.

Passo Um: Atributos. Como um bom sistema d20 eu preciso começar definindo meus atributos e modificadores. O livro não explica como eu posso fazer isso, para tal eu precisaria do D&D Player’s Handbook. Era uma das condições para ter o selinho “d20 system” na capa do livro. Como estou com preguiça de catar meu player’s para saber como montar meus atributos com pontos vamos usar o método clássico que é jogando dados. Consigo 11, 16, 16, 9, 14, 17. Dex ganha o 17, Int e Cons ganham os dois 16s, o 14 vai para Wis, o que deixa o 11 para Cha e 9 para Str.

Passo Dois: Departamento. Em vez de raça, spycraft tem os departamentos da agência de espionagem para a qual você trabalha. São oito opções e eu fico entre Military Operations e Urban Assault. Acho que Nat tem mais cara da segunda opção, especializada em manobrar em áreas urbanas e cheias de gente. Vocês já devem ter notado o quanto estou insistindo nessa coisa de pilotar, né? Vão entender em breve.
Meu departamento me dá +2 Dex e -2 Int o que me deixa com 19 e 12, respectivamente.
Também ganho um bônus de +1 em Spot, Hide e em ataques que venham de uma Ready Action. Esses bônus aumentam conforme subo de nível. Ok!
Por último ganho um bônus feat que pode ser qualquer ranged combat feat desde que eu tenha os pré-requisitos. Depois eu vejo isso.

Passo Três: Classe. O jogo apresenta seis classes. Depois nos suplementos eles apresentaram muitas outras, mas vou ficar com essas seis: Faceman, Fixer, Pointman, Snoop, Soldier e Wheelman. Quem conhece o esquadrão classe A pode reconhecer a influência em, pelo menos, três dessas classes. Eu quero a última, Wheelman, que no caso é uma Wheelman. A mulher do volante. É uma classe especializada em usar qualquer tipo de veículo.
No primeiro nível isso me dá BAB +1, Fort +0, Ref +2, Will +0, Def Bonus +1, Init Bonus +1, Dois Budget Points e Zero Gadget Points (ou Quatro, mas isso vem depois).
Eu tenho Vitality (cof cof, hit points) de 1d12+modificador de Constituição, deixa eu rolar aqui… 11+3 = 14.
Eu ganho uma lista de Feats iniciais que depois eu vejo, a habilidade básica Custom Ride que me dá 4 Gadget Points a cada missão só para eu aperfeiçoar meu veículo, outra habilidade básica (acho que é a única classe com duas) lucky que me dá 1d4 extra toda vez que eu usar um action dice para aumentar um teste envolvendo veículos e a habilidade daredevil que me dá acesso a uma lista especial de manobras em cenas de perseguição de veículos.

Passo Quatro: Perícias. A lista é bem longa. Como é o normal do d20 system devo focar nas minhas class skills. Pela minha Classe e Inteligência eu começo com 32 pontos e nada pode ser acima de 4. Já vou gastar 16 em Boating, Driver, Mechanics e Pilot. Mais 12 em Spot, Surveillance e Open Lock e os últimos quatro pontos vou distribuir entre Hide e Swim.

Passo Cinco: Feats. Os famigerados feats! Eu começo com uma lista básica dada pela minha classe: Armor Proficiency (Light), Armor Proficiency (Medium), Weapon Group Proficiency (Melee), Weapon Group Proficiency (Handgun), Weapon Group Proficiency (Rifle), Weapon Group Proficiency (Tactical). Além disso eu tenho um feat do primeiro nível e meu bônus feat de departamento que deve ser de Ranged Combat. Deixa eu dar uma olhada na lista (que é enorme) e ver se algo me chama a atenção.
Apesar de a lista ser grande, só existem três feats básicos de Ranged Combat. Ou eu ganho um bônus para atirar de perto, ou eu atiro de muito longe ou eu posso disparar um monte de balas de uma vez mesmo se a arma não puder fazer isso tecnicamente. Todos os outros são derivados desses e tem um ou o outro como pré-requisito. Escolho Speed Trigger.
Então eu vou para a lista dos Chase Feats, afinal sou uma wheelwoman, e já vejo um que me chama a atenção. “One hand on the whell…” que reduz as minhas penalidades ao dirigir e fazer outra coisa (como descarregar uma submetralhadora no carro ao lado, por exemplo).

Passo Seis: Antecedentes. O livro junta isso com um monte de outras coisas, mas eu resolvi separar. Antecedentes funcionam de forma parecida com a regra de mesmo nome do 7th Sea 1e. Escolho um problema na história do meu personagem e toda vez que isso aparecer na campanha eu ganho mais XP.
Droga, eu esqueci que custam skill points. Bom, Nathalie nunca aprendeu a nadar então e isso me dá 2 pontos para gastar aqui. Coloco eles em Vendetta! Nat quer saber quem ferrou com ela e quer dar o troco. Se eu fosse jogar com essa personagem iria combinar com o mestre para ir se revelando a ligação da primeira pessoa que ela pensou que estava por trás da sua prisão com o plot maior, o que me permitiria comprar mais pontos nisso conforme subisse de nível.

Passo Sete: Toques Finais. Agora sim. Primeiro eu anoto quantos action dices eu tenho por sessão e qual o dado que eu uso. No primeiro nível isso significa 1d4. Posso usar isso para aumentar rolamentos meus, aumentar minha Defesa, ativar falhas críticas de inimigos, recuperar vitalidade e ativar os testes de inspiração e favor que são regras especiais desse jogo.
Depois faço uma descrição de Nathalie e preciso me lembrar de fazer isso no final de cada personagem. Muitas vezes me esqueço.
Nathalie é uma mulher afro-americana baixinha (eu diria que 1,62m), com os cabelos em uma tranças com olhos verdes (um traço de sua ascendência irlandesa). Ela normalmente está usando um macacão confortável quando não está vestindo as roupas e equipamentos da missão. Ela se sente traída por seu país por tudo que viu no Afeganistão e por ter sido presa por um crime que não cometeu.
A última coisa é pegar meu equipamento pessoal, mas acho melhor fazer um passo extra pra isso.

Passo Oito: Equipamento Pessoal. Em vez de dinheiro, Spycraft usa um sistema de compra por pontos, sendo que existem os equipamentos “normais” (comprados com Budget Points) e os especiais (comprados com Gadget Points). Eu recebo um número de BPs igual à meu modificador de Carisma x5 mais quaisquer bônus de classe (que eu não tenho), o que me dá ops! Meu modificador é zero, então eu começo sem equipamento pessoal, o que faz sentido já que acabei de sair da cadeia.
Se eu fosse jogar com essa personagem, no início de cada missão o Controle (como chamam o Mestre nesse jogo) daria um número de BPs para cada jogador que são específicos para a missão. Mas fora isso eu começo sem nada mesmo.
Além disso eu tenho quatro gadget points para turbinar algum veículo que nós podemos receber para a missão. Só de brincadeira vou usá-los.
Só estou na dúvida se dou uma de “Velozes e Furiosos” pegando um carro ou me mantenho no tema “Esquadrão Classe A” e pego um helicóptero. Por que não os dois? Eu pego um carro e gasto todos os meus pontos para pegar a modificação “Proteus Package” que permite transformar um veículo em outro. Pronto um carro-helicóptero para a fuga perfeita.

Ops: Voltei, ao montar a ficha de Nathalie vi que fiz besteira. Ela tem dois Budget Points da classe dela, então deixa eu ver qual equipamento pessoal ela tem aqui. Pensei em pegar o Mechanics Kit, mas custa 4 BPs (!!!), então vou deixá-la sem equipamento mesmo e depois junto com os BPs de missão para comprar as coisas que ela precisa.

E é isso. Fazer esse personagem me empolgou, mas continuo sem vontade de jogar algo que me lembre D&D então não sei quando finalmente colocarei esse jogo na mesa. Mas por ora, é só.
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Nathalie Murdock
Urban Assault
Wheelwoman 01

Abilities: Str 9 (-1), Dex 19 (+4), Cons 16 (+3), Int 14 (+2), Wis 14 (+2) e Cha 11 (0).
Base Attack Bonus +1
Fortitude +3
Reflex +6
Will +2
Defense +1
Initiative +1
Vitality 14

Special Features: Lucky, Daredevil, Custom Ride (4).

Skills: Boating 8, Driver 8, Mechanics 6, Pilot 8, Spot 6, Surveillance 6, Open Lock 8, Hide 7 e Swim 5.

Feats: Armor Proficiency (Light), Armor Proficiency (Medium), Weapon Group Proficiency (Melee), Weapon Group Proficiency (Handgun), Weapon Group Proficiency (Rifle), Weapon Group Proficiency (Tactical), Speed Trigger, “One hand on the Wheel…”.

Backgrounds: Vendetta 2

Action Dice: 1d4

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